A Galp encerrou, no final de março, a fábrica de combustíveis da refinaria de Matosinhos, em “linha” com o calendário previsto, confirmou agora a empresa.
“O calendário anunciado para o descomissionamento da refinaria de Matosinhos mantém-se em linha com o previsto, nomeadamente o encerramento da fábrica de combustíveis, que ocorreu no final de março”, referiu a empresa que em dezembro anunciou a intenção de concentrar as operações de refinação e desenvolvimentos futuros no complexo de Sines, descontinuando em 2021 a refinação em Matosinhos.
A Galp disse ainda que, também no final de março, concluiu a primeira ronda de conversas individuais com a totalidade dos colaboradores.
A decisão da Galp de descontinuar a refinação em Matosinhos põe em causa 500 postos de trabalho diretos e 1.000 indiretos, conforme estimativas dos sindicatos.
O dirigente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente (SITE) do Norte e da comissão de trabalhadores, Telmo Silva, contou que apesar da fábrica de combustíveis ter fechado, os trabalhadores a ela afetos continuam a cumprir os seus turnos.
“Não tendo o que fazer, vão [esses trabalhadores] fazendo uns acompanhamentos, umas leituras de pressões e vigilâncias”, frisou.
Telmo Silva estima que no final deste mês também fechem as fábricas dos óleos base e aromáticos.
Reafirmando que a empresa continua “em silêncio”, o sindicalista acredita que o caminho seja o despedimento coletivo.
No início do ano, a Galp detalhou que “estão previstas três grandes etapas sequenciais – descomissionamento, desmantelamento e descontaminação – que devem prolongar-se durante um período mínimo de três anos”.
O descomissionamento da refinaria “terá lugar durante 2021 (até final de março para a fábrica de combustíveis, até final de junho para as fábricas de aromáticos e óleos base e até final de dezembro para as utilidades) e destina-se a isentar todas as unidades processuais da presença de produto”, frisou.
Assim, o grupo irá preparar “os equipamentos de uma forma segura para, a partir de 2022, o seu desmantelamento e subsequente descontaminação, de acordo com plano a definir que resultará das alternativas de uso a serem identificadas”.
Os trabalhadores já organizaram quatro protestos: um junto à Câmara Municipal de Matosinhos, a 12 de janeiro, outro a 2 de fevereiro em frente à sede da Galp e à residência do primeiro-ministro, um terceiro a 25 de fevereiro, junto à Câmara Municipal do Porto, e um último a 18 de março, novamente em frente à residência do primeiro-ministro.
O Estado é um dos acionistas da Galp, com uma participação de 7%, através da empresa público-privadas Parpública.