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Alunos e pais lesados da Escola de Condução “A Desportiva” do Norte acusam gestor de “roubo”

11 Janeiro 2021
Alunos e pais lesados da Escola de Condução “A Desportiva” do Norte acusam gestor de “roubo”
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Acusações de roubo com a conivência dos funcionários da Escola de Condução “A Desportiva”, a quem foi declarada a insolvência e fechou portas no Norte, marcaram em Vila Nova de Gaia o protesto de cerca de 40 lesados.
Concentrados à porta da Escola de Condução Triplo S, de que é dono Paulo Mateus, administrador de “A Desportiva”, para pedir justiça, alunos e pais das escolas do Porto e de Vila Nova de Gaia pediram justiça e exigiram falar com o responsável, que não estava no local.
O grupo Samuel Alves Pinto & Filhos, Lda., detentor da Escola de Condução “A Desportiva”, através de uma sentença, datada de 3 de setembro de 2020, do Tribunal Judicial da Comarca do Porto – Juízo de Comércio de Vila Nova de Gaia, foi declarado insolvente.
O Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT) adiantou que o encerramento da Escola de Condução “A Desportiva”, na região Norte, lesou 949 alunos, que têm agora de concluir a obtenção da carta de condução noutros estabelecimentos.
Gonçalo Guimarães, de 19 anos, aluno da escola e há um ano e meio a tentar tirar a carta, afirmou-se “revoltado”, não apenas por lhe terem sido “roubados 575 euros”, mas também por “não existir a possibilidade de os reaver”.
Com “exame de código marcado para 15 de outubro de 2020”, não só nunca cumpriu essa avaliação como “há quatro ou cinco dias a escola anunciou na sua página no Facebook que tinha fechado portas devido a insolvência”, lamentou.
Crítico, apontou também o dedo à atuação da “gestora judicial nomeada para tomar conta do processo”, que, ao “não fechar a escola no prazo de 30 dias estabelecido, fez com que os alunos continuassem a ser roubados”, e explicou que a escola “continuou a aceitar inscrições”.
Débora Correia esteve na manifestação em representação do irmão, também lesado, que “pagou 595 euros à cabeça, dias antes da declaração da pandemia de Covid-19”.
“Logo de início se viu que as coisas não estavam a correr bem pois as aulas de código nunca eram marcadas na escola de Vila Nova de Gaia”, contou, acrescentando a “frequência, por isso estranha, com que os carros de condução, de manhã, nunca tinham combustível”.
E prosseguiu: “as coisas já não andavam bem e toda a gente encobria. Os funcionários já sabiam da situação de insolvência e a responsável continuava a aceitar inscrições. O que começou a acontecer, e é grave, foi terem aceitado transferências, não em nome da escola, mas do administrador Paulo Mateus, que é dono e mantém aberta a Triplo S”, denunciou Débora Correia.
“Queremos que seja feita justiça”, exigiu a irmã do aluno, Débora Correia.
Dalila Costa, mãe de outro aluno, era das mais exaltadas, enfatizando terem “pagado com muito sacrifício” o que pensavam vir a ser a futura carta de condução ao filho, num investimento de 575 euros”, atraídos por “uma promoção que, afinal, não era”.
“O meu filho inscreveu-se em novembro de 2019 e correu tudo bem até março, até ao início da pandemia”, assinalou, explicando que as “aulas foram retomadas assim que os números da Covid-19 abrandaram”.
Em setembro, continuou, o filho “pediu para que fossem marcadas as aulas de condução e foi-lhe dito que tinham uma lista muito grande de alunos e que diariamente só podiam entrar no carro duas pessoas, uma de manhã e outra à tarde, para ter aulas, e que teria de aguardar”, após o que ficaram à espera até serem “surpreendidos” quando em janeiro descobriram que a “escola tinha sido fechada, mas com a indicação, na porta, de que estava de férias”.
“Agora a Triplo S ainda tem o descaramento de dizer que aceita os alunos da Desportiva por mais 500 euros, alegando que não tem de pedir documentação adicional ao IMT [Instituto da Mobilidade e dos Transportes]. A Triplo S que assuma gratuitamente os alunos”, exigiu Dalila Costa.
Pouco depois destas declarações, um grupo de lesados entrou na escola de condução, alegando que o funcionário estava a fotografar os manifestantes.
O funcionário chamou a PSP, que após identificar duas das mulheres em protesto conseguiu que desmobilizassem cerca das 18:15.
Paulo Mateus, proprietário da Escola de Condução Triplo S e administrador d’ “A Desportiva”, não se manifestou até ao momento.