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General Ramalho Eanes deixa mensagem aos Portugueses em tempos de Estado de Emergência

2 Abril 2020
General Ramalho Eanes deixa mensagem aos Portugueses em tempos de Estado de Emergência
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Em entrevista à RTP, o antigo Presidente da República falou diretamente aos Portugueses, e, em momentos, particularmente para a sua geração, pedindo a todos para que cumpram as recomendações das autoridades de saúde e que tenham coragem, dizendo que esta crise vai ser ultrapassada.
O General António Ramalho Eanes, atualmente com 85 anos, deixou um apelo aos mais velhos para que fiquem em casa e dêem sempre o exemplo. No limite, sugeriu o antigo Presidente da República, que tenham a coragem de fazer sacrifícios se eles vierem a ser necessários.
“Nós, e eu falo porque sou um velho, tenho 85 anos, nós, os velhos, devemos pensar que a nossa situação é igual à dos outros. E se alguma coisa há, é a obrigação suplementar de dizer aos outros que isto já aconteceu, que se ultrapassou, [a crise] vai ser ultrapassada, que nós os velhos fomos os primeiros a dar o exemplo. Não saímos de casa, recorremos sistematicamente aos cuidados que nos são indicados e, mais, quando chegarmos ao hospital, se for necessário, oferecemos o nosso ventilador ao homem que tem mulher e filhos.”
Uma mensagem dura, mas, ainda assim, carregada de esperança para os Portugueses.
General de carreira, o antigo Presidente da República acredita que todas as instituições, “Presidente da República, Governo, partidos políticos, forças sociais, PSP, GNR, Forças Armadas”, têm estado à altura das suas funções, não deixando no entanto de criticar o facto de as Forças Armadas terem sido chamadas a intervir tão tarde.
Para o General Ramalho Eanes, se os hospitais não tivessem sido a “primeira linha de combate”, poderiam ter sido evitadas mais baixas. “Talvez tivesse sido melhor fazermos isso [decretar o Estado de Emergência] com mais antecedência. Embora seja muito fácil dizer o que era melhor depois de as coisas terem acontecido”, disse.
O General Ramalho Eanes defendeu, ainda, que, ultrapassada a pandemia do novo coronavírus e da doença de Covid-19, o papel do Estado Português terá necessariamente de ser repensado. “O Estado não pode ser um Estado mínimo, como se diz. O Estado tem de ser o Estado necessário e um Estado que não olhe apenas para a situação presente, para as eleições e para o resultado, mas olhe para o futuro e para o futuro da sua comunidade. E um Estado que procure fazer o que é indispensável para que esse futuro seja viável.”