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Técnicas de estética canina

26 Janeiro 2017
Técnicas de estética canina
Opinião
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Quando nos trazem o cão ao centro de estética canina não só nos devemos ocupar do banho, escovagem e corte do pêlo, mas também é fundamental que nos ocupemos da higiene de zonas tão importantes, chamadas anexos, como as pálpebras, os sacos anais, o corte das unhas, a limpeza do conduto auditivo e o cuidado das almofadas plantares.
A limpeza dos olhos é necessária, mas há raças em que é realmente imprescindível, como as de olhos salientes ou com rugas na cara como o pug, pequinês, shar-pei… A vermelhidão, manchas, dores ou supuração costumam indicar infecção e devem ser tratados por um médico veterinário.
Normalmente, para a higiene ocular usaremos produtos de fabrico comercial como toalhetes, gotas oculares anti séptica (pretty eyes artero) ou preparemos uma solução de ácido bórico, deitando uma colher de chá num copo com água morna. Esta solução pode ser aplicada na comissura do olho e por baixo do mesmo, sendo útil para eliminar parcial ou totalmente as manchas causadas pelo lacrimejar normal do Cão.
O ouvido do Cão é um órgão muito sensível e muito importante na audição do Cão. Deve ser cuidadosamente controlado, especialmente se o Cão agita a cabeça ou a raspa com as patas. Quando o conduto auditivo tem pêlos, algo muito frequente nos caniches, yorkshire e Cão de água, há sobretudo que começar por fazer uma depilação com o objectivo de evitar que os produtos de secreção fiquem ali e criem condições propícias para a inflamação e inclusive a infecção (otite externa).
Devido à anatomia específica do conduto auditivo, só se devem utilizar cotonetes de algodão, nas partes externas visíveis das orelhas, em particular as circunvalações do pavilhão nas quais a sujidade se acumula facilmente.
Nas casas da especialidade existe toda uma gama de gotas de limpeza que amaciam a cera e a expulsam para fora do ouvido, pelo que basta passar logo em seguida um algodão ou uma gaze.
A boca do Cão deve ser controlada com frequência com o objectivo de evitar caries. O depósito de sarro dental que favorece a gengitive e os resíduos alimentares, devem ser extraídos pelo médico veterinário ou por um especialista. Um hábito muito bom é o de dar côdeas de pão ou biscoitos duros, que contribuem para a limpeza dos dentes, mas que também podem ser limpos com um dentífrico.
As maçãs constituem um bom elemento de limpeza e o Cão que se acostuma a comê-las evitará com facilidade a formação de sarro. A partir dos dois anos de idade a dentadura suja-se de sarro devido a uma alimentação macia, como por exemplo doces.
Um osso bem duro ajuda a eliminar parte dessa impureza, mas geralmente uma boa limpeza exige uma ou duas visitas ao veterinário. A higiene bocal é importante para que o cão não cheire mal da boca nem perca os dentes antes do tempo, mas também existem cremes ricos em clorofila e ossos para morder que desfazem o sarro.
As glândulas anais podem chegar a provocar algum incómodo no cão. Estas glândulas encontram-se de ambos os lados do ânus e são utilizadas pelo animal para assustar possíveis inimigos, lubrificando a defecação, segregando um líquido oleoso que produz um odor característico. Em certas ocasiões estes órgãos fabricam demasiado líquido, tornando-se impossível eliminá-lo de forma natural, causando irritações e inclusive infecções. Tanto o médico veterinário como os técnicos de estética canina estão capacitados para efectuar a sua limpeza, que consiste na aplicação de pressão com os dedos nas zonas que limitam lateralmente os orifícios das glândulas anais, mas é conveniente efectuar a limpeza dentro da banheira para evitar que o líquido salpique.
Devemos rever as unhas do Cão mensalmente para ver se necessitam ser cortadas. Nunca devemos esquecer este controlo, uma vez que se não lhe cortarmos as unhas o animal não caminhará bem, podendo mesmo ter dores. Também há que rever os esporões (se os houver) porque poderão chegar a encravar-se. Deveremos segurar firmemente com uma mão a pata do animal e com a outra o corta unhas. Cortar demasiado as unhas provocará sangramento, se isto acontecer deve utilizar pós coagulantes para interromper a hemorragia. Nos cães com as unhas brancas é mais fácil observar a parte viva e sabermos onde cortar. Existem diferentes tipos de corta unhas consoante o tamanho do Cão e da unha, tipo tesoura para gatos e cães pequenos, tipo guilhotina para cães de tamanho médio e tenaz para cães de raças grandes.
Em todas as raças de pêlo comprido devemos ter cuidado com as almofadas plantares, pois há acumulação de pêlo nesta zona, a qual pode recolher sujidade e causar incómodo ao animal. É conveniente cortar os pêlos desta área, mas não por completo, para dar um pouco de protecção. Ao limpar esta zona asseguramos que o animal transpira correctamente, mas não devemos esquecer que esta é uma das zonas por onde o cão e o gato suam.
Na maioria das raças caninas é frequente encontrar restos de excrementos agarrados ao pêlo do animal. Para que isto não aconteça, a zona do ânus deve estar isenta de pêlo, recortando-se com cuidado a pelagem um centímetro à volta do ânus.
Quando falamos da zona inguinal estamos a referir-nos à parte da barriga onde, com muita frequência, se encontram enredos provocados pelas auto-lambidelas dos cães. Esta zona deve ser tosquiada. A parte dos órgãos genitais deve manter-se limpa e isenta de pêlo. Devemos ter em conta que a sujidade e os restos de urina podem provocar infecções ao animal e o seu consequente mal-estar.
Proteja o seu melhor amigo. Trate dele como trata de si.

Rui Costa