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Associação Tarecos & Patudos de Vila do Conde forçada a encerrar abrigo para cães e gatos

26 Julho 2022
Associação Tarecos & Patudos de Vila do Conde forçada a encerrar abrigo para cães e gatos
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A Associação Tarecos & Patudos, com sede na freguesia de Labruge, em Vila do Conde, foi forçada a encerrar as instalações do seu abrigo para animais, que funcionava num terreno não legalizado para o efeito.
A entidade, que opera desde 2018 na freguesia da Labruge, recolhendo, tratando e encaminhado para adoção cães e gatos abandonados, tem até esta quarta feira de manhã para cessar a sua atividade no terreno, depois de uma inspeção de várias entidades ter ‘chumbado’ as instalações, apontando, essencialmente, riscos de segurança.
Nas últimas semanas, a associação tem-se desdobrado em apelos para que possa funcionar por mais alguns dias, de modo a encontrar um lar para os animais que ainda não foram adotados, mas a resposta das entidades competentes tem sido negativa.
“A associação estava a cuidar de 34 cães e 18 gatos, e neste curto período que sabíamos que tínhamos de fechar as instalações conseguimos que a maior parte dos animais encontrassem uma nova família. Restam-nos 6 cães e 8 gatos para os quais ainda não temos solução”, explicou Liliana Oliveira, presidente da Tarecos & Patudos.
A responsável contou que, inicialmente, até “houve sensibilidade”, por algumas das entidades, para alargar prazo de encerramento “por mais uma a duas semanas”, mas afirmou que “a veterinária municipal mostrou-se irredutível”.
“Os cães que ainda restam adotar têm problemas de socialização, e precisámos de mais alguns dias para encontrar uma família que os ajudasse a superar esses traumas. Pedimos em lágrimas que nos dessem mais algum tempo, mas não houve essa sensibilidade”, desabafou Liliana Oliveira.
Os animais em causa terão agora de ser encaminhados para outras associações congéneres da região, mas a responsável considera que essa “não é a melhor opção”.
“Não faz sentido estes cães, que já têm problemas, irem de uma associação para outra. O ideal é serem adotados. Nada tenho a apontar ao trabalho de outras associações, mas indo para um espaço com centenas de outros animais vão ficar ainda mais em stress, passando os dias encerrados numa jaula”, explicou.
Esta situação da Tarecos & Patudos foi espoletada por uma denúncia, que motivou uma inspeção ao local por parte do ICNF (Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas), do SEPNA (Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente) da Guarda Nacional Republicana (GNR) e dos serviços veterinários municipais de Vila do Conde.
Além do terreno onde está instalado o abrigo não ser devidamente legalizado para o efeito, foram apontadas falhas de segurança no local, relacionadas com a instalação elétrica, ausência de extintores e sensores de incêndio, mas também uma possível contaminação do solo por falta de uma fossa e uma fonte de água potável.
Liliana Cunha reconheceu algumas dessas deficiências, mas disse “que nunca foi possível colmatá-las porque a Câmara Municipal não se mostrou disponível para legalizar o terreno para ter um abrigo de animais”.
“Não estamos de forma ilegal no terreno, é um espaço, no meio de campos, que nos foi cedido para utilização pelo proprietário. O que não está legal são as instalações para os animais que construímos. Já tivemos reuniões na autarquia para resolver o problema, mas nunca deram efeito. Há uma promessa de termos um novo terreno com todas as condições, mas até agora nada. Vamos lutar por isso”, vincou a responsável associativa.
A Câmara Municipal de Vila do Conde, em resposta, garantiu que após a vistoria efetuada às referidas instalações, e verificada a falta de condições, “contactou com outras duas associações da região para apoiar no alojamento dos animais cuja adoção a Tarecos & Patudos não conseguisse garantir”, mas explicou que a associação visada “recusou esse apoio”.
“Pelo elevado risco de incêndio, o ICNF decidiu o encerramento compulsivo em 5 dias úteis, terminando assim o prazo a 25 de julho. Nesse sentido, foi recebido pela autarquia um ofício a solicitar a verificação do cumprimento da notificação e respetivo encaminhamento dos animais que ainda se encontram no espaço”, explicou a autarquia vilacondense.
A Câmara Municipal de Vila do Conde vincou que “desde o primeiro momento acautelou todas as medidas necessárias para assegurar o bem-estar animal, sendo sempre a prioridade dos serviços durante o acompanhamento deste processo”, mas clarificou que a associação, “infelizmente, nunca aceitou as opções propostas para o acolhimento faseado dos animais”.