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Basquetebolista poveiro Diogo Brito descarta NBA a pensar no regresso ao desporto na Europa

16 Abril 2020
Basquetebolista poveiro Diogo Brito descarta NBA a pensar no regresso ao desporto na Europa
Desporto
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O poveiro Diogo Brito afasta uma candidatura à Liga norte-americana de basquetebol (NBA), mesmo com dois títulos universitários em quatro épocas pelos Utah State Aggies, preferindo equacionar o regresso à Europa para iniciar uma carreira profissional.
“Neste momento não estou a pensar no ‘draft’ [evento anual de recrutamento da NBA]. Queria experimentar a ‘Summer League’ [competição de pré-temporada] e o ‘Combine’ [bateria de testes com jogadores convidados], mas vai ser tudo cancelado por causa do vírus e esse sonho ficará adiado. Quero continuar a jogar e acredito que os próximos anos passem pela Europa, sobretudo por Espanha”, reconheceu o base poveiro.
Diogo Brito, de 22 anos, nasceu na Póvoa de Varzim e alimentou o gosto pelo basquetebol por influência do avô e do irmão, tendo saído de Portugal em 2015 com o intuito de terminar o ensino secundário nos Estados Unidos da América, um “sítio ideal” para juntar o “crescimento pessoal” à oportunidade de “poder jogar contra os melhores”.
“Conhecer uma cultura nova e um país completamente diferente intrigou-me bastante. O choque foi grande, especialmente no primeiro ano em Utah. Não joguei tanto tempo e foi um ano muito difícil, mas tomei-o como aprendizagem e saio com o sentimento de dever cumprido. A minha carreira aqui foi bem-sucedida e não me arrependo de nada”, frisou Diogo Brito.
O internacional Sub-20 começou a jogar no Desportivo da Póvoa e transitou para o projeto Dragon Force na época 2013/14, antes de viajar para o outro lado do Oceano Atlântico, onde se preparou durante um ano para enfrentar as exigências do basquetebol norte-americano, deixando-se convencer pelo projeto da universidade de Utah State.
“Temos imenso suporte em todas áreas, não só no basquetebol, mas também na escola e mesmo no nosso dia a dia. Acho que o envolvimento dessas pessoas todas na vida de um estudante atleta facilita e conduz-nos ao sucesso. Foram anos muito bons e produtivos e nunca mais me vou esquecer”, valorizou o atleta, de 22 anos e 1,98 metros de altura.
Compondo uma porta de entrada para muitos candidatos aos palcos da NBA, a azáfama dos campeonatos universitários fez de Diogo Brito um “jogador completo” em termos de “lançamento, leitura de jogo e defesa”, características encaixadas na caracterização de “ameaça constante de triplo-duplo” sugerida pelo treinador Craig Smith.
“Acima de tudo, evoluí a faceta física, que é a primeira coisa que se nota quando vimos para os Estados Unidos. Não há necessariamente tanta corrida, mas o jogo é muito mais explosivo e tive logo de me adaptar. No verão, terei de me focar naquilo que me vai dar dinheiro, já que este ano lancei muito mal da linha de três pontos”, avaliou.
Apesar do desfecho súbito devido à pandemia de Covid-19, Diogo Brito terminou o sonho americano com a revalidação do título da conferência Mountain West em 7 de março, semana e meia após a despedida caseira na vitória sobre os San Jose State Spartans (94-56), emoldurada pela “homenagem inesquecível” de quase 11.000 adeptos.
“Ter entrado no pavilhão de mão dada com os meus pais e partilhar esses momentos com eles foi lindo e bastante emocional. A maior lição que levo é que tudo é possível se trabalharmos para isso. Muitas vezes sentimo-nos em baixo, mas é aí que temos de manter a cabeça erguida. O trabalho diário compensa a longo prazo”, observou Diogo Brito.
O base convive no estado de Utah com o compatriota Neemias Queta, cuja “grande envergadura” e “capacidades físicas muito acima da média” favorecem uma futura recandidatura ao ‘draft’, do qual desistiu em junho de 2019, adiando a hipótese de se tornar o primeiro basquetebolista português de sempre na NBA.
“Se continuar a trabalhar, vai chegar lá. Além dessas qualidades muito necessárias para qualquer jogador da NBA, consegue ter aquele toque suave e ser habilidoso. O pessoal compara-o muito ao Clint Capela [poste dos Atlanta Hawks], mas acho que é mais parecido com o Al Horford [poste dos Philadelphia 76ers]”, ilustrou.
Depois de ter resguardado a condição de elegível para o ‘draft’ da liga mais mediática do mundo, Neemias Queta esteve lesionado alguns meses e ainda foi a tempo de ser considerado o Jogador Defensivo do Ano em Mountain West, enquanto lidera aos 20 anos uma geração lusa “muito promissora”, campeã europeia Sub-20 em 2019.
“Temos jogadores nascidos entre 1996 e 2001 com grande qualidade. Penso que o basquetebol português, sobretudo a nível de seleção, viverá anos muito bonitos e quero ser parte disso. Vou continuar a treinar, evoluir ao máximo e esperar para saber como será o próximo ano, porque neste momento está tudo um pouco caótico”, apontou Diogo Brito.