Conserveira Gencoal de Vila do Conde despede quase uma centena de trabalhadores

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A fábrica de conservas Gencoal, em Caxinas, Vila do Conde, propriedade da empresa italiana Generale Conserve, vai avançar com o despedimento coletivo de 97 trabalhadores, um terço dos atuais recursos humanos, que na altura da pandemia de Covid-19 chegou a aproximar-se das 450 pessoas.
A carta de despedimento coletivo foi enviada aos trabalhadores no passado dia 14 de março, salientando o despedimento com “oscilações significativas, em consequência de mudanças ocorridas no mercado, que levaram a que a empresa-mãe, a Generale Conserve, sofresse uma importante redução do seu volume de vendas”.
A Gencoal produz conservas de cavala e salmão para a empresa italiana de Adolfo Valsecchi, que é considerada a segunda maior do setor no seu país e dona da marca Às do Mar.
A empresa indica, ainda, ruturas nas cadeias de abastecimento e fatores como o aumento do preço do azeite, do alumínio, da energia e outros genéricos, como “um cenário de fragilidade económica e de crescimento lento da economia mundial, causado pelo impacto (ainda) de dois anos de pandemia, pela guerra na Ucrânia, pela crise alimentar e energética, pelo aumento da inflação, pela restrição de políticas monetárias e o aumento das taxas de juro” e a concorrência da Polónia.
O Público sublinha que este despedimento vem a contra-ciclo do resto da indústria conserveira, que está em fase de crescimento e aumento das exportações: “nos últimos seis anos foram aprovados 24 projetos de investimento que receberam 27,4 milhões de euros do programa Mar 2020, as exportações crescem de ano para ano para cerca de uma vintena de mercados dentro e fora da Europa – 241 milhões de euros em 2021, 282 milhões em 2022 e 334 milhões em 2023 e um crescimento geral acumulado de 38% entre 2015 e 2021”.
Ao Jornal de Notícias, José Armando Correia, do Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Indústrias de Alimentação e Bebidas, admite que os trabalhadores foram “completamente apanhados de surpresa”. Agora vão tratar de “impugnar este despedimento”, estando marcada uma reunião geral para o próximo dia 26 de março a que se seguirá uma reunião na Câmara.
No passado mês de novembro, estes trabalhadores tinham feito greve por melhoria das condições de trabalho e aumentos salariais. Então, à RTP, a trabalhadora Marta Pereira explicava que desde 2021 que não havia aumento do subsídio de alimentação: “ninguém come com 4,79 euros”. Os trabalhadores, mulheres na sua esmagadora maioria, acrescentavam relatos sobre a dureza do trabalho a que estão sujeitas sem ter “subsídio de frio” ou qualquer “compensação por esse tipo de trabalhos”, o que seria segundo Marta Pereira, “urgente”, reclamando ainda por a empresa não dar resposta às reivindicações e remeter para a associações do setor.