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Comissão de Trabalhadores diz que refinaria da Galp de Matosinhos ainda faz falta ao país

18 Outubro 2023
Comissão de Trabalhadores diz que refinaria da Galp de Matosinhos ainda faz falta ao país
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O presidente da Comissão Central de Trabalhadores (CCT) da Petrogal, Hélder Guerreiro, disse hoje, em reação à demolição da refinaria de Matosinhos que vai começar na próxima segunda feira, que esta “continua a fazer falta ao país”.
“Naturalmente que olhamos não com resignação, mas com a certeza de que a refinaria continua a fazer falta ao país”, disse hoje o representante dos trabalhadores, no dia em que a Galp anunciou que a demolição da refinaria de Matosinhos vai começar na próxima segunda feira.
De acordo com o presidente da Comissão Central de Trabalhadores (CCT) da Petrogal, “todos os indicadores” por si detidos apontam nesse sentido, dizendo que “o encerramento da refinaria trouxe um prejuízo para o país que até já foi quantificado em 1,6% do crescimento económico em 2022, por exemplo”.
O responsável criticou ainda o “despedimento de trabalhadores” e o “rasto de destruição social que foi deixado pelo encerramento da refinaria”.
Relativamente à comunicação sobre o processo de demolição da refinaria, Hélder Guerreiro disse que “não houve nada” até ao dia de hoje, em que foi anunciado que o processo durará até dois anos e meio.
“Não houve reuniões específicas relativamente a este processo, nem nos deram qualquer informação, apesar de já termos solicitado há tempo o plano de desmantelamento, e tudo o que tinha a ver com o desmantelamento da refinaria”, disse Hélder Guerreiro.
Questionado sobre se foram apanhados de surpresa com a informação, o presidente da Comissão Central de Trabalhadores (CCT) da Petrogal disse que não porque não andam “a dormir”, tendo-se deslocado hoje ao Porto por sua conta, participando numa “iniciativa [que serviu] como uma sessão de esclarecimento e também de anúncio do início do desmantelamento na próxima segunda feira”.
De acordo com a empresa liderada por Filipe Silva, “para a preparação para o arranque dos trabalhos de demolição foram efetuados contactos e reuniões com todos os ‘stakeholders’ [envolvidos] direta e indiretamente impactados ou envolvidos neste projeto”.
O comunicado da Galp refere o Governo, a Câmara de Matosinhos, entidades reguladoras e licenciadoras, proteção civil e autoridades locais, bem como moradores e associações comerciais, mas não os trabalhadores ou ex-trabalhadores da refinaria.
Mais tarde, fonte da Galp disse que a empresa enviou hoje uma comunicação interna aos trabalhadores e realizou uma sessão presencial também hoje, em Matosinhos.
“Nesses encontros foram apresentadas as linhas gerais do projeto de demolição e respetivo calendário, bem como as medidas que a empresa vai implementar para monitorizar, controlar e mitigar possíveis constrangimentos pontuais que possam ser suscitados na sequência dos trabalhos em curso”, refere a empresa.
A Galp lançou ainda um ‘site’ com o endereço matosinhos.galp.com, para consulta das medidas de mitigação, com vista a “disponibilizar e atualizar as informações relativas ao decurso dos trabalhos de demolição”.
O encerramento da refinaria foi comunicado pela Galp em dezembro de 2020 e concretizado no ano seguinte, num processo muito criticado pelas estruturas sindicais.
Em maio de 2021, a Galp deu início a um despedimento coletivo de cerca de 150 trabalhadores da refinaria, chegando a acordo com 40% dos cerca de 400 colaboradores.
A petrolífera justificou a decisão de encerramento desta refinaria com o contexto europeu e mundial da refinação, com os desafios da sustentabilidade e com as características das instalações.
Em fevereiro, a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) disse que uma parcela do terreno da antiga refinaria da Galp em Matosinhos que a empresa pretendia ceder à câmara para a Cidade da Inovação tinha os solos e as águas subterrâneas contaminadas.
A Galp adiantou que era “expectável” que os terrenos onde funcionou a refinaria tenham de ser “objeto de remediação”.
Este ano foi anunciada a instalação de um Centro Internacional de Biotecnologia Azul no local, que contará ainda com a colaboração da Fundação Oceano Azul, depois de ter sido anunciada uma cidade da inovação ligada às “energias do futuro”.