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Estudo diz que Portugal tem maior prevalência de insuficiência cardíaca em adultos entre 11 países

24 Junho 2023
Estudo diz que Portugal tem maior prevalência de insuficiência cardíaca em adultos entre 11 países
Cultura
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Portugal regista, no conjunto de 11 países, a maior prevalência de insuficiência cardíaca em adultos, indica um estudo da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), divulgado, que alerta para a importância do diagnóstico precoce destas doenças.
De acordo com os dados do relatório, Portugal regista uma taxa superior de prevalência de insuficiência cardíaca face à registada em países como Alemanha, Bélgica, Espanha, Itália, Noruega, Reino Unido, Suécia, Suíça, Canadá e Israel.
Estes dados constam do estudo CardioRenal and Metabolic Disease (CaReMe) Heart Failure – em português “Doença Cardiorrenal e Metabólica (CaReMe) Insuficiência Cardíaca” – no qual participou o investigador da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) e do Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (CINTESIS), Tiago Taveira-Gomes, em colaboração com Cristina Gavina, professora da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) e cardiologista da Unidade Local de Saúde de Matosinhos (ULSM).
O estudo foi realizado com o objetivo de conhecer a prevalência, as principais doenças e os custos associados à insuficiência cardíaca em 11 países.
Foram analisados dados clínicos eletrónicos de mais de 600 mil pessoas com diagnóstico de insuficiência cardíaca, numa população superior a 32 milhões de adultos.
Os custos por doente foram analisados por um período de cinco anos.
Os resultados indicam que a insuficiência cardíaca afeta, em média, 2% da população.
Mas os autores avisam, conforme se lê no resumo do estudo, que “há muitos casos por diagnosticar e que, por isso, a prevalência deverá ser superior”.
Portugal regista a maior prevalência (2,9%), enquanto o Reino Unido a menor (1,4%).
A idade dos doentes era, em média, de 75 anos, acima da idade média dos doentes incluídos em estudos anteriores.
Quase metade dos doentes também tinha doença cardíaca isquémica e um terço tinha diabetes.
Cerca de 50% tinha doença renal crónica em fases mais avançadas.
Outra das conclusões aponta para taxas elevadas de descompensação da insuficiência cardíaca e também para um elevado risco de complicações cardiorrenais (19,3 complicações em cada 100 doentes) e de morte.
Neste estudo, 13% dos doentes morreram ao fim de um ano.
É também descrito que a maior taxa de hospitalizações está relacionada com a presença de insuficiência cardíaca e doença renal crónica.
Os investigadores alertam, por isso, que é crucial detetar precocemente problemas renais em doentes que sofrem de insuficiência cardíaca.
Em relação aos custos hospitalares, a maior parte é atribuída a hospitalizações por problemas cardíacos e renais, o que, para os autores mostra “a necessidade de aumentar a prevenção e a monitorização cardiorrenal nestes doentes”.
Estima-se que a insuficiência cardíaca afete 64 milhões de pessoas em todo o mundo.
“Espera-se que os novos casos aumentem devido ao envelhecimento das populações e à melhoria dos exames de diagnóstico. Em termos de despesa, a Europa e os Estados Unidos gastam, cada um, 1% a 2% do seu orçamento anual na área da saúde com a insuficiência cardíaca”, descrevem os autores.
Este estudo internacional utilizou doentes seguidos em unidades de saúde de vários países, numa metodologia diferente da frequentemente utilizada em estudos anteriores.
“Até à data, poucos estudos multinacionais haviam abordado o peso desta doença a partir de dados dos registos de saúde nacionais. Os estudos realizados descrevem frequentemente grupos de doentes muito selecionados, que não são representativos dos doentes de hoje”, explica Tiago Taveira-Gomes, citado no comunicado da FMUP.
Este estudo, que contou com o apoio da AstraZeneca, foi publicado na revista científica Heart, da British Medical Journals.