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Lula da Silva diz que empresas portuguesas e brasileiras devem crescer por via das sociedades

23 Abril 2023
Lula da Silva diz que empresas portuguesas e brasileiras devem crescer por via das sociedades
Política
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O Presidente do Brasil defendeu este sábado em Lisboa que o melhor caminho para o crescimento das empresas portuguesas e brasileiras não é através de aquisições mútuas, mas sim pela criação de sociedades que permitam alavancar a expansão.
“Queremos partilhar com Portugal as possibilidades de investimento, queremos convencer os nossos empresários a não comprar empresas portuguesas ou as portuguesas a não comprar empresas brasileiras, o que queremos é construir políticas de ‘compartilhamento’, de sociedades, que cresçam juntas, e é isso que vai dar a possibilidade de o Brasil ter o lugar que já deveria ter conquistado no mundo”, disse Lula da Silva no final da intervenção que marcou o final da 13.ª cimeira bilateral, em Lisboa.
Lula da Silva falava antecipando a mensagem que vai deixar no fórum empresarial entre Portugal e o Brasil, esta segunda feira, em Matosinhos, e depois de proclamar novamente que “o Brasil está de volta” ao palco internacional.
“Quando deixei a Presidência, o Brasil era a sexta economia do mundo, e quando voltei era a 13.ª; tínhamos em 2012 tirado o Brasil do mapa da fome reconhecido pela ONU, quando voltámos tínhamos 33 milhões de pessoas a passar fome”, apontou.
Na intervenção, fortemente marcada às críticas ao isolamento internacional do Brasil durante a Presidência de Jair Bolsonaro, Lula da Silva garantiu: “no que depender de mim, a gente vai fazer o acordo União Europeia-Mercosur, faltam pequenos ajustes, mas vamos ter condições de fazer; se depender de mim, vamos tentar concluir a discussão mais séria do acordo UE-CELAC [Comunidade de Estados Latino- Americanos e das Caraíbas], e se depender de mim a gente vai rearticular a unidade da América do Sul, porque queremos provar que juntos somos um grande bloco económico, juntos temos mais chances de negociar em igualdade de condições com a União Europeia (UE)”.
As importações de produtos brasileiros quase duplicaram no ano passado, para mais de 4,5 mil milhões de euros, agravando a balança comercial, que é negativa para Portugal em 3,6 mil milhões de euros.
De acordo com os dados compilados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), Portugal exportou, no ano passado, 918 milhões de euros, quase batendo o valor de 2017, quando as vendas de produtos portugueses foram de 943 milhões de euros.
Ainda assim, a balança comercial, pelo menos nos últimos seis anos, tem sido sempre favorável ao Brasil, que quase quadruplicou as vendas para Portugal, que passaram de 1,2 mil milhões de euros, em 2017, para mais de 4,5 mil milhões de euros no ano passado.
O Brasil foi o 13.º cliente das exportações portuguesas de bens em 2021, com uma quota de 1,1% no total, ocupando a 8.ª posição ao nível das importações (3,1%), e entre 2017 e 2021 verificou-se uma diminuição média anual das exportações de 6,8% e um crescimento de 24,9% nas importações.
De acordo com a informação disponível na Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), que cita dados do Comtrade, o site de referência das Nações Unidas para as trocas comerciais a nível mundial, os cinco principais mercados cliente do Brasil, em 2021, foram a China (31,3% do total), os EUA (11,2% do total), a Argentina (4,2% do total), os Países Baixos (3,3% do total) e o Chile (2,5% do total), que representaram, em conjunto, 52,5% do valor das exportações.
Em sentido inverso, os cinco principais fornecedores do Brasil, em 2021, foram a China (22,8% do total), os EUA (17,7% do total), a Argentina (5,3% do total), a Alemanha (5,1% do total) e a Índia (3,1% do total), valendo 53,9% do valor das importações.