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Elisa Ferreira diz que Fundos da UE podem resolver “problemas estruturais” de Portugal

15 Outubro 2022
Elisa Ferreira diz que Fundos da UE podem resolver “problemas estruturais” de Portugal
Política
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A Comissária Europeia da Coesão e Reformas, Elisa Ferreira, defendeu em Bruxelas que os fundos de coesão da União Europeia são uma “oportunidade única” para resolver os “problemas estruturais tradicionais” das regiões portuguesas.
“Acho que para todas as regiões em Portugal, com a quantidade de fundos que Portugal tem disponível agora – tal como muitos outros países – é uma oportunidade única para resolver os problemas estruturais tradicionais”, disse numa conferência de imprensa no Parlamento Europeu, em Bruxelas.
Elisa Ferreira falava no âmbito da Semana Europeia das Regiões e Cidades, considerando que, no desenho das políticas, “um dos aspetos importantes é ter uma espécie de visão multifundos, para saber onde se tem de ir” em termos da captação das verbas.
Como exemplo, falou desde os “puros investimentos em infraestruturas até aspetos mais sofisticados de valor acrescentado”, destacando também “a combinação entre conhecimento que há nas universidades e centros tecnológicos, e a economia real”.
“Para isso, a Universidade do Minho, bem como o CITEVE [Centro Tecnológico das Indústrias Têxtil e do Vestuário de Portugal] e muitos outros centros tecnológicos têm um papel principal”, disse, quando questionada sobre aquela região portuguesa.
No entanto, a comissária lembrou que, para a “dimensão do mais alto nível de competências nas universidades”, as políticas de coesão “não são as mais adequadas”, salientando programas como o Horizon para lidar com “pura investigação”.
“A coisa importante é concentrar-se em aspetos estratégicos que, para a Europa, também são considerados extremamente importantes, na sequência da interrupção das cadeias [de abastecimento], o que mostra que a Europa precisa de fazer indústria outra vez”, apontou Elisa Ferreira.
A responsável do executivo europeu destacou ainda a cooperação entre o Norte de Portugal e a Galiza, em Espanha, “uma cooperação não só entre cidades, mas entre universidades, também entre associações empresariais, industriais, aspetos culturais, a gestão do rio Minho, a gestão do parque de Gerês-Xurés”.
Já relativamente a áreas mais ruralizadas e do interior do país, e aos investimentos em tecnologia digital, em resposta a outra questão sobre Portugal, afirmou que “pode ser uma boa oportunidade para acionar o desenvolvimento em áreas menos povoadas e em zonas que estão mais distanciadas dos grandes centros urbanos”.
Um resumo do relatório anual da União Europeia (UE) sobre o Estado das Regiões e Cidades, elaborado pelo Comité das Regiões, refere que, quanto a políticas de coesão, uma área que “está com dificuldades em criar um maior impacto” é a tecnologia digital, apesar de ter aumentado até 10% em várias regiões da Grécia, Portugal e Espanha, com a pandemia.
“Não ter de enfrentar os altos preços da habitação nos centros, menos segurança, mais poluição, mais trânsito que consome tempo… já vemos isto em vários casos e mesmo em Portugal se vê que algumas multinacionais estão a localizar os seus centros de investigação no interior do país e não nas zonas costeiras”, apontou Elisa Ferreira.
Quanto às “puras áreas rurais”, Elisa Ferreira defendeu a criação de condições para que os centros urbanos próximos a essas zonas “consigam ter o tipo de bens comuns que uma família europeia, ou uma pessoa europeia, requer”, o que significa “infraestruturas de saúde, um mínimo de infraestruturas culturais”.
“É preciso ter uma visão de onde se quer estar, onde se quer concentrar equipamentos e investimentos, e uma abordagem articulada que é absolutamente importante para atacar este assunto das áreas rurais despovoadas, que estão também a ficar muito velhas”, advogou a Comissária Portuguesa.
Para estes casos, Elisa Ferreira defendeu que “é preciso estar alerta para muitas pessoas mais velhas nessas áreas, que podem não conseguir aceder” às novas tecnologias digitais.
“É necessário criar alguma espécie de interface e outros tipos de serviços adaptados à situação presente, de ter uma alta percentagem de população mais velha que tem outro tipo de dificuldades a enfrentar”, concluiu Elisa Ferreira.