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Autarcas da Área Metropolitana do Porto querem parar de ser “barrigas de aluguer” na vacinação

10 Julho 2022
Autarcas da Área Metropolitana do Porto querem parar de ser “barrigas de aluguer” na vacinação
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As autarquias da Área Metropolitana do Porto (AMP) afirmaram não querer “continuar a ser as barrigas de aluguer” do Governo na vacinação contra a Covid-19 e exigem a “ressuscitação dos centros de saúde” para aquele efeito.
Numa reunião do Conselho Metropolitano, o presidente, Eduardo Vítor Rodrigues, alertou que as autarquias “não têm capacidade financeira para manter a logística” dos centros de vacinação e considerou que os municípios continuarem a suportar as campanhas de vacinação contra a Covid-19 é “uma transferência de competências sem assinar nenhum acordo”.
O também presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia avisou que, naquele município, a autarquia não está disposta a continuar a operacionalizar a vacinação, salientando que “foi uma resposta em situação de emergência mas agora pode, e deve, ser planeada, e de outra forma”.
“Fizemos, nós autarquias, um trabalho extraordinário. Chegou a ser prometida comparticipação [pelo Governo], mas o dinheiro ou não chegou, ou o que chegou foram trocos”, disse o autarca socialista, dando conta da posição de Vila Nova de Gaia.
“No que me diz respeito, não estou vocacionado para voltar a ser a barriga de aluguer de tudo isto. Temos que reconhecer que estávamos perante uma emergência. Já tivemos tempo suficiente para fazer as devidas adaptações e, além do mais, depois de tudo [o que foi feito], nem um obrigado”, explicou.
Para Eduardo Vítor Rodrigues, a solução “já não passa por grandes centros de vacinação como até ao momento, mas por ressuscitar os centros de saúde” já existentes nos municípios.
“Eu entendo a facilidade de centralizar toda a operação num sítio. Mas não é comportável continuar a ocupar espaços, como pavilhões que deixam de ser usados para os fins para os quais foram criados, para uma vacinação que pode agora ser planeada com cuidado, tempo, e ser feita nos centros de saúde, mesmo que precisem de ajustes”, referiu.
A solução apontada por Eduardo Vítor mereceu o apoio dos autarcas presentes na reunião, embora com algumas divergências quanto ao modo de mostrar o posicionamento de cada autarquia.
“Sem fazerem transferência de competências estão a transferir as competências todas”, referiu o vice-presidente da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, Luís Diamantino, com o autarca de Vale de Cambra, José Pinheiro, a salientar que “é o momento de dizer basta” e a vice-presidente da Câmara de Valongo, Ana Rodrigues, salientou a “verba demasiado elevada” que foi despendida para manter o centro de vacinação naquele município.
No entanto, algumas vozes foram dissonantes sobre se a Área Metropolitana do Porto (AMP) devia tomar uma posição conjunta sobre a vacinação.
“Vou ser a voz dissonante. Relembro que quando surgiu a pandemia os municípios decidiram criar individualmente os centros. Não percebo agora a necessidade da decisão metropolitana quando antes foi individualmente”, referiu o vice-presidente de São João da Madeira, José Vieira.
Também a autarca de Arouca, Margarida Belém, chamou a atenção para as “particularidades de cada município”.
“No meu caso, Arouca, a vacinação foi feita no Centro de Saúde”, explicou.
No final da discussão, e embora seja unânime entre as autarquias presentes na reunião a necessidade da vacinação contra a Covid-19 ser planeada sem “sobrecarregar as câmaras”, foi decidido que a Área Metropolitana do Porto (AMP) não tomaria uma posição enquanto órgão.