O candidato do Bloco de Esquerdo (BE) à Câmara Municipal de Vila do Conde, António Louro Miguel, defendeu na passada sexta feira a remunicipalização do sistema de distribuição de água no concelho, considerando que o processo “não é impossível”.
“É preciso resolver, de uma vez por todas, os altos custos da água em Vila do Conde. Defendemos que o melhor é voltar para a esfera municipal. A atual presidente de Câmara invoca os encargos financeiros que a medida implicaria, só que não são tão elevados como isso”, partilhou António Louro Miguel.
O candidato do Bloco de Esquerda, professor de 51 anos, que repete agora candidatura à autarquia vilacondense, depois das eleições de 2017, lembrou que outros municípios do país já fizeram esse processo de resgate da concessão de água, que em Vila do Conde foi atribuída à empresa Indaqua em 2002.
“Já há jurisprudência nessa matéria, porque há câmaras que já seguiram esse caminho. A primeira de todas foi Alenquer, e com resultados muito positivos. Não é nenhuma impossibilidade, antes pelo contrário, são os munícipes que vão ficar a ganhar”, vincou o candidato do Bloco de Esquerda.
Na lista de propostas para o município de Vila do Conde, António Louro Miguel mostrou particular atenção à política da habitação social, algo que diz ter sido “completamente descurado” pelos executivos liderados pela atual presidente da Câmara, Elisa Ferraz.
“Temos centenas de famílias carenciadas no concelho, e nos escassos concursos que foram feitos ao longo dos mandatos, constatou-se que há uma grande procura, mas uma reduzida oferta. Mesmo assim, a Câmara nada fez. Começaram agora, em tempo de eleições, umas obras do bairro do Farol para disfarçar”, disse o candidato bloquista.
Também como crítica aos executivos da Câmara Municipal de Vila do Conde foi apontada a não execução de um novo PDM [Plano Diretor Municipal], situação que António Louro Miguel classifica de “inexplicável”, dado que o plano que está em vigor tem mais de 25 anos.
“Somos o único caso do país que ainda tem a primeira geração do PDM, que data de 1995. Nunca foi revisto, num processo que tem sido sucessivamente adiado. Vários municípios já estão a preparar uma quarta geração do PDM, mas inexplicavelmente isso não acontece em Vila do Conde, dando lugar a arbitrariedades e falta de ordenamento”, analisou.
O candidato do BE prometeu, ainda, um foco nas questões do ambiente, nomeadamente na situação da Reserva Ornitológica de Mindelo e na adaptação às alterações climáticas, mas também frisou a coesão territorial, criticando as assimetrias entre as freguesias e a sede do concelho.
“Há uma grande diferença entre o desenvolvimento das freguesias do litoral e do interior, e sobretudo entre todas elas com a de Vila do Conde. Não acho que haja uma grande coordenação entre a Câmara e as Juntas de Freguesia. As respostas às solicitações demoram sempre muito”, analisou António Louro Miguel.
O cabeça de lista do Bloco de Esquerda sublinhou, ainda, a necessidade de alavancar o setor cultural do concelho, defendendo uma maior ligação da Câmara aos agentes culturais locais.
“Tem de haver mais articulação. Os coletivos sedeados em Vila do Conde queixam-se da falta de apoios. É tudo um pouco casuístico. Faz falta um verdadeiro programa cultural, com coordenação, que poderia até ser articulado com o concelho vizinho da Póvoa de Varzim, para ganhar em termos de escala de qualidade e de público”, concluiu António Louro Miguel.
Além da candidatura do Bloco de Esquerda, liderada por António Louro Miguel, também Artur Bonfim, pelo CDS-PP, Luís Vilela, do Chega, Hugo Rei Amorim, pela CDU, João Paulo Alves, pelo PAN, Vítor Costa, do PS, Pedro Soares, pelo PSD, e a atual presidente de Câmara, Elisa Ferraz, pelo movimento independente NAU, se apresentaram como candidatos à Câmara de Vila do Conde.