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BE entrega à ACT 64 denúncias sobre “abusos laborais” durante a Covid-19 no Grande Porto

18 Junho 2020
BE entrega à ACT 64 denúncias sobre “abusos laborais” durante a Covid-19 no Grande Porto
Política
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O Bloco de Esquerda (BE) entregou à Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) 64 denúncias sobre “abusos laborais” durante a pandemia no Grande Porto, lamentando que “os precários sejam as primeiras vítimas da Covid-19 no mundo laboral”.
“Há empresas que estão a beneficiar do ‘lay-off’, mas ao mesmo tempo estão a descartar trabalhadores. E empresas que, formalmente, não estão a despedir porque são trabalhadores a prazo ou contratados por empresas de ‘outsourcing’ ou a recibo verde, mas o facto é que muitas empresas estão a receber o apoio do Estado depois de terem descartado trabalhadores precários”, disse o deputado José Soeiro.
O dossier que o BE compilou para entregar à ACT inclui 64 denúncias, algumas delas “já resolvidas, mas que servem de alerta das várias estratégias adotadas pelas empresas”, disse o deputado.
O levantamento dos bloquistas, que inclui nove concelhos do Grande Porto, coloca o Porto no topo das denúncias com 26 casos, seguindo-se Vila Nova de Gaia com 10 e Maia com 11. Vila do Conde regista sete e Matosinhos seis, enquanto os concelhos de Póvoa de Varzim, Santo Tirso, Trofa e Valongo aparecem cada um com uma.
“No período inicial houve uma estratégia de imposição unilateral de férias e também se registaram empresas que não garantiram de imediato o direito ao teletrabalho e, agora que voltou a não ser uma norma imperativa, há empresas que estão a resistir quando os trabalhadores solicitam o teletrabalho. Soma-se o incumprimento das normas de proteção, saúde e segurança”, resumiu José Soeiro.
Portugal contabiliza pelo menos 1.524 mortes associados à Covid-19 em 38.089 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS).
As medidas para combater a pandemia paralisaram setores inteiros da economia mundial e levaram o Fundo Monetário Internacional (FMI) a fazer previsões sem precedentes nos seus quase 75 anos: a economia mundial poderá cair 3% em 2020, arrastada por uma contração de 5,9% nos Estados Unidos, de 7,5% na Zona Euro e de 5,2% no Japão.
Em Portugal, o Governo prevê que a economia recue 6,9% em 2020 e que cresça 4,3% em 2021.
A taxa de desemprego deverá subir para 9,6% este ano, e recuar para 8,7% em 2021.
Em consequência da forte recessão, o défice orçamental deverá chegar aos 6,3% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2020 e a dívida pública aos 134,4%.