Última hora

Ex-capitã da Seleção Nacional é Médica de Saúde Pública em Vila do Conde e na Póvoa de Varzim

2 Abril 2020
Ex-capitã da Seleção Nacional é Médica de Saúde Pública em Vila do Conde e na Póvoa de Varzim
Local
0

A voleibolista e médica Vanessa Rodrigues, capitã do AVC Famalicão, trocou o equipamento pela bata a tempo inteiro e está envolvida na luta contra a Covid-19, que, disse, “não dá tréguas”.
“É uma luta dura. Não tenho fins de semana e todos os dias são segunda feira”, disse Vanessa Rodrigues, a médica/distribuidora, de 32 anos, que após o Europeu2019 se despediu da Seleção Nacional de Voleibol, da qual também era capitã, precisamente “por motivos profissionais”.
Embora sem estar na linha da frente no combate ao novo coronavírus, Vanessa Rodrigues, enquanto médica de saúde pública, está na retaguarda, na não menos importante missão de gestão dos contactos de risco, identificação, deteção, isolamento profilático e vigilância.
Tendo como áreas de intervenção Vila do Conde e Póvoa de Varzim, uma das zonas de Portugal com maior comunidade chinesa, que na primeira fase da doença, com origem em Wuhan, na China, mereceu especial atenção, Vanessa Rodrigues esteve na linha da frente dos primeiros planos de contingência.
“A comunidade chinesa na primeira fase [de contenção à pandemia de Covid-19] requereu especial atenção, mas acabou por se revelar uma comunidade bem organizada e cumpridora das medidas implementadas”, admitiu a profissional da Administração Regional de Saúde do Norte.
Com cerca de 12 horas de trabalho por dia, Vanessa Rodrigues reconhece que conciliar o dia-a-dia de médica, numa altura tão exigente como esta para os profissionais de saúde, com a de atleta de alta competição “é uma tarefa praticamente impossível”.
“Neste momento, é mesmo impossível a conciliação. Estou a 200% como profissional de saúde e 200% na proteção da saúde pública”, admitiu Vanessa Rodrigues, que disputou o último jogo pelo AVC Famalicão em 7 de março, relativo à meia-final da Taça de Portugal, frente ao FC Porto, em Santo Tirso.
“Já nessa altura estava a trabalhar cerca de 12 horas por dia”, recordou Vanessa Rodrigues, admitindo que tem pouco tempo para se dedicar ao treino personalizado, mas que o faz, sempre que pode, para bem da sua “saúde física e escape mental”.
O facto de contar com a experiência de muitos anos como atleta de alta competição de voleibol, Vanessa Rodrigues encara de forma diferente a situação de emergência nacional que se vive no país e consegue “manter o foco e não virar a cara a esta luta”.
“Acredito que o meu ‘background’ como atleta de alta competição me permite ser mais resiliente, orientar uma equipa multidisciplinar, manter o foco e não virar a cara a esta luta, dia após dia, continuamente”, defendeu.
Vanessa Rodrigues, em jeito de conselhos para enfrentar a pandemia do novo coronavírus, recomenda às pessoas para não entrarem em pânico, adotarem uma atitude consciente, informada e racional, e seguirem as indicações da Direção-Geral da Saúde (DGS).
A médica recomenda, para conter a transmissão do vírus, o distanciamento social, etiqueta respiratória e a lavagem das mãos e, no sentido de ocupar da melhor forma os dias em isolamento profilático, exercício físico e alimentação saudável.
“É importante que se mantenham saudáveis e não diminuam a resistência do sistema imunitário. Para isso, é preciso que se mantenham ativos fisicamente e mentalmente, comam de forma adequada e desfrutem à janela do ar puro e dos raios de sol”, observou Vanessa Rodrigues.
A atleta diz que, mais do que as medidas aplicadas pelo Governo, Direção-Geral da Saúde (DGS) e forças de segurança, “têm que ser as pessoas a manter o bom caminho, seguindo, inequivocamente, todas as indicações e recomendações dadas por estas instituições”.
“Depois da tempestade vem a bonança. Eu não posso, mas quem puder, fique em casa”, pediu Vanessa Rodrigues.
Portugal registou até esta quinta feira um total de 209 mortes (mais 22 do que na quarta feira) e 9034 casos de infecção (são mais 783 do que no dia anterior), o que corresponde a uma taxa de crescimento do número de casos de 9,5%. Os números foram divulgados esta quinta feira no novo boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS), onde os casos são actualizados diariamente.
Há 1042 pessoas internadas e 240 nos cuidados intensivos. Há 68 casos de pessoas recuperadas – o número reduzido é explicado por se tratar de uma doença de “convalescença lenta” e por serem precisos dois testes negativos para se ser declarado “curado” – e ainda 4958 pessoas a aguardar resultado laboratorial.
No relatório de 2 de abril sobre a Covid-19, a Direção-Geral da Saúde (DGS) apresenta 39 casos confirmados de infeção em Vila do Conde e 23 na Póvoa de Varzim, perfazendo um total de 62 casos na região.