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Empresa vilacondense NELO antecipou problemas e trabalha “quase em pleno” durante a pandemia

1 Abril 2020
Empresa vilacondense NELO antecipou problemas e trabalha “quase em pleno” durante a pandemia
Economia
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A capacidade de antecipar problemas e de agir em conformidade tem valido à Nelo, o maior construtor mundial de caiaques de competição para canoagem, estar a passar incólume pela pandemia da Covid-19.
“Estamos a trabalhar quase em pleno. Há um mês preparámo-nos bem para isto. Tenho uma equipa que conseguiu preparar convenientemente tudo, desde a segurança, higiene, proteção… ”, disse o empresário Manuel Ramos, o Nelo, que no Rio2016 viu os seus barcos conquistarem 27 das 35 medalhas em disputa na canoagem.
O português que nasceu em Angola e em 2017 investiu 10 milhões de euros numa nova fábrica em Vila do Conde falou em “prevenção” e explicou as medidas adotadas no projeto que tem no historial 93 pódios olímpicos e não equaciona qualquer despedimento com esta crise.
Entre as principais medidas, a divisão dos cerca de 200 trabalhadores em turnos, que começam às 05:00 e terminam às 00:00, “o que permite reduzir os grupos de trabalho para um terço do normal”, e, no escritório, das “20 a 30 pessoas que lá trabalham, somente três não estão em teletrabalho”.
A segurança prevê que os colaboradores entrem por portas diferentes, o refeitório só aceite 20 utilizadores de cada vez, as limpezas sejam feitas “permanentemente” em todas as instalações e os operários sejam obrigados a laborar com máscaras, fatos e luvas, ou recorrendo sistematicamente ao sistema de lavagem de mãos.
“Fomos antecipando o problema e preparámo-nos para isto. Dia a dia vamos fazendo a avaliação do que está a ocorrer e ver o que temos de corrigir. É importante que a fábrica não pare, mas também que as pessoas estejam protegidas”, vincou Manuel Ramos.
A Nelo tem conseguido, inclusivamente, fazer entregas de barcos e lidar bem com a questão dos fornecedores, já que não depende de um só em cada área de necessidades.
“Se nada acontecer de muito grave, penso que não vamos parar. Só somos obrigados a parar com algo que nos transcenda. Só no caso de alguma contaminação. Preparámos tudo com muito tempo e está tudo a funcionar muito bem. As pessoas têm apoiado e sido fantásticas”, elogiou Manuel Ramos, garantindo que nenhum posto de trabalho está em causa com esta crise.
A Nelo também não está a sofrer com o centro de treinos na Aguieira, pelo facto de esta “já não ser altura para as seleções estarem a trabalhar [a época de Inverno] em Portugal”.
O adiamento de Tóquio2020 por um ano também não trouxe prejuízos relevantes, assegurando que a sua empresa se “adaptará muito bem às exigências das alterações logísticas”.
Os canoístas vão ter mais um ano para preparar o ‘sete’ nos caiaques e o ‘eight’ nas canoas, os últimos modelos da Nelo, que foram apresentados em 2019 e que não terão substituto antes do grande evento, que se vai realizar entre 23 de julho e 8 de agosto.
“Para já, [a pandemia] não teve grande impacto. Ninguém vai sair disto incólume, mas se nada acontecer, se não formos obrigados a parar… Temos tanta procura que mesmo que um ou outro agente diminua a procura, as encomendas, isso não tem qualquer impacto no normal funcionamento da fábrica”, concluiu Manuel Ramos.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da Covid-19, já infetou 8251 pessoas em Portugal, causando 187 mortes.
No relatório de 1 de abril sobre a doença de Covid-19, a Direção-Geral da Saúde (DGS) apresenta 39 casos confirmados de infeção em Vila do Conde e regista 21 na Póvoa de Varzim, totalizando, a 31 de março de 2020, 60 casos na região.