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Câmara de Vila do Conde suspende cobrança indevida da tarifa de disponibilidade imposta pela Indaqua

27 Setembro 2018
Câmara de Vila do Conde suspende cobrança indevida da tarifa de disponibilidade imposta pela Indaqua
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A Câmara Municipal de Vila do Conde anunciou a suspensão da cobrança da tarifa de disponibilidade do serviço de água e saneamento aos munícipes que não têm ligação à rede de água.
A medida afeta 383 famílias que foram notificadas em agosto pela Indaqua, empresa que gere as redes de água e saneamento de Vila do Conde e mais outros seis municípios, a pagar essa taxa, uma vez que tinham assinado um contrato de utilização para receber o serviço.
Apesar de a lei decretar a obrigatoriedade da ligação à rede pública de todos os edifícios com infraestruturas de água e saneamento a uma distância de 20 metros, e a autarquia vilacondense considerar que a legislação tem de ser cumprida, a presidente de Câmara Municipal de Vila do Conde, Elisa Ferraz, apelidou “de legalidade ambígua” a aplicação dessa taxa de disponibilidade.
“Gastaram-se dezenas de milhões de euros para fazer as infraestruturas, e acho bem que se obrigue as pessoas a ligar, porque a lei do nosso país assim o obriga. Mas não acho que haja legitimidade da Indaqua para cobrar, no imediato, essa a tarifa de disponibilidade”, começou por dizer Elisa Ferraz.
Após anunciar que “a Câmara conseguiu impor à empresa a suspensão da aplicação da tarifa”, a presidente da Câmara Municipal de Vila do Conde lembrou que, para aqueles que já a pagaram, poderá haver lugar a um reembolso, caso se enquadrem no quadro de exceções.
“Quando se tratar de casas devolutas ou desabitadas, de pessoas com comprovada dificuldade económica, de imigrantes que passem fora a maior parte do ano ou de empresas que estejam num período de turbulência, o valor será devolvido, caso reclamem junto da empresa e façam prova”, explicou Elisa Ferraz.
A presidente da Câmara Municipal de Vila do Conde salientou que 6700 famílias do concelho ainda não fizeram a ligação à rede pública existente, lembrando que foram acertados com a Indaqua planos de pagamento em prestações, para que essas operações possam ser feitas com menor impacto.
“Uma ligação da água custa, em média, 400 euros, enquanto se for a ligação de água e saneamento ronda, também em média, os 1.200 euros. Pode ser negociado um plano até 60 prestações, sem juros. E quem não puder, de todo, pagar, existe um fundo de emergência social, que poderá ajudar mediante a avaliação dos casos”, explicou Elisa Ferraz.
A presidente de Câmara Municipal de Vila do Conde confirmou que a empresa, através de uma empresa de advogados, enviou cartas para o universo de 6700 famílias a lembrar a obrigatoriedade de ligação à rede e referindo que em caso de incumprimento as coimas poderão ir até 3.740 euros aos particulares e 44.890 euros para as empresas. Ainda assim, Elisa Ferraz mostrou-se indisponível para avançar, para já, com processos de contraordenação.
“As coimas obrigam a processos de contraordenação, que passam pela Câmara, e a que pusemos um travão. Por enquanto está tudo suspenso. Vamos, em conjunto com empresa, fazer um trabalho para minimizar este impacto, indo até às freguesias sensibilizar as pessoas para a necessidade da ligação à rede”, completou Elisa Ferraz.
A presidente da Câmara de Vila do Conde lembrou que a obrigação da ligação à rede pública de água e saneamento é também por uma questão ambiental e até de saúde pública.
“Em muitos casos não se sabe a qualidade da água dos poços que as pessoas utilizam, e, por outro lado, os que não têm saneamento podem estar, de um modo silencioso, a contaminar os solos e a inquinar os lençóis de água subterrâneos”, frisou Elisa Ferraz.
A suspensão da cobrança da tarifa de disponibilidade do serviço de água e saneamento aos munícipes que não têm ligação à rede de água e saneamento, e, por isso, não utilizam o serviço, ainda não tem uma data para ser levantada e vai depender dos entendimentos conjuntos entre a Câmara Municipal de Vila do Conde e a Indaqua.
A ERSAR, Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos, criticou os valores pelas ligações à rede da Indaqua em Vila do Conde, salientado que podem servir de desmotivação para que, por motivos económicos, as famílias evitem proceder à conexão, e destacou que “não assiste à entidade gestora legitimidade para cobranças”.