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Páscoa, ato possível e carregado de impossibilidade

30 Março 2018
Páscoa, ato possível e carregado de impossibilidade
Opinião
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Estimados Vilacondenses, a Páscoa foi um ato possível, mas carregado de impossibilidade. O possível reside no horizonte das nossas possibilidades, dos nossos desejos, expectativas e ambições. Impossível é o ato que rompe inteiramente este horizonte e traz algo de singular.
A Páscoa é esse acontecimento possível. Estava no horizonte de todo o povo Israelita, mas apresenta-se cheia de impossibilidade, porque rompe os arrazoados Judaicos. As possibilidades imagináveis são superadas e entrar no Mistério Pascal – entrar no Reino de Deus – implicará uma fé menina que é capaz de coisas impossíveis, como mover montanhas, perdoar onde eu poderia vingar-me, dar onde eu poderia amealhar, voluntariar-me onde eu poderia saborear a comodidade do descanso.
O mundo do possível está enfermo, carregado de Sexta-feira Santa, de ódio e mentira, de traição e morte. E esta não é uma visão fatalista. É verdadeira na autenticidade de inúmeras atrocidades noticiadas diariamente.
O primeiro passo para a cura das feridas deste mundo ensanguentado passará pela coragem da verdade sobre nós próprios, permitindo que Cristo nos mostre a lei do amor que resplandece na Sua Páscoa, capaz de impossibilidades esmagadoras que nos libertam do equipamento bélico, das máscaras carnavalescas e do sublime pó de arroz.
Aos crentes e descrentes convido, nesta Páscoa, a que vejam Cristo não só nos socialmente indigentes, nos doentes, pobres, abandonados, mas também nos homens e mulheres que nos são estranhos e antipáticos, amando-os acima das nossas possibilidades, e neles, através da nossa ação que toca o impossível, levaremos a cabo a realidade da Ressurreição!

Pe. Paulo César