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Motivos que levarão os Britânicos a rejeitarem o Brexit

20 Abril 2016
Motivos que levarão os Britânicos a rejeitarem o Brexit
Opinião
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Falta pouco tempo para que os ingleses (descontando irlandeses do Ulster, escoceses e galeses) se pronunciem em referendum sobre a saída do U. Kingdom da União Europeia.
Palpita-me que o Não vai ganhar. Em primeiro lugar porque nem toda a gente naquelas ilhas é estúpida, e a maioria é, até, conhecida pelo seu pragmatismo. Partindo pois deste facto axial (e para mal dos nossos pecados, que melhor ficaríamos com quem não gosta de nós fora das nossas fronteiras…), achamos que na hora de decidir, esta gente vai pensar no que segue:
A praça financeira londrina (mais conhecida por City) vale 11,5 % do PIB britânico (dados da City of London 2014) sendo ainda a primeira praça financeira mundial! Mas isto é apenas a ponta do iceberg: a City é o maior empregador da cidade com 8,5% do conjunto da população activa da Grande Londres, mas sobretudo, a City é o principal paraíso fiscal Offshore da Europa, reprocessando tanto ouro como somas vertiginosas de dinheiro virtual saído das caixas negras: o paraíso dos paraísos fiscais.
No entanto a City vai ter de se submeter. Seja por ser forçada a colocar-se sob as comuns medidas que aí vêm para a regulamentação das instituições financeiras da U.E. (e não só da Eurozona) seja porque na competição com as outras praças financeiras ascendentes (sobretudo Xangai, Hong-Kong, Bombaim e Frankfurt, Singapura e Dubai) verá os seus recursos abandonarem o navio para estas últimas praças (incluindo os países da Commonwealth), por não poder escapar à regulação das actividades financeiras uma vez que vai ser obrigada, para aceder aos mercados internacionais e europeus, a submeter-se às leis de cada um deles que não teve possibilidades de negociar.
Isto vai acarretar (GEAB, 17/Março) a supressão de muitas dezenas de postos de trabalho, deslocalizações, e, no seguimento dos estabelecimentos financeiros seguir-se-á um Superavit de especialistas, de profissionais liberais, queda do preço do imobiliário (hoje ainda, para mais, muito inflacionado, etc.) sem falar, é claro do resvalamento da libra esterlina que, de resto, já começou.
Tudo isto acompanhado de uma competição selvagem com os bancos asiáticos, uma margem de lucro entre depósitos e empréstimos esmagada ao máximo, e o concurso com paradigmas bancários novos como os e-banking virtuais, moedas virtuais, trocas virtuais, e ainda por cima esmagados pelos custos crescentes da segurança cibernética e, acrescentando mais areia nesta camioneta, os yankees não querem ouvir falar no Brexit porque obviamente perdem informação vital sobre o que se passa e como manipular a Europa sem o seu conhecido cavalo de Tróia lá dentro.
Tudo isto num quadro em que só os acordos comerciais de que o Reino Unido é parceiro, graças à U.E., representam no comércio internacional britânico actual 59% (Comercial Risk Europe, 4/03/2016).
Podem ver-se dois gráficos abaixo e uma escala dos bancos mundiais falidos que mais ajudas estatais receberam dos respectivos países, sendo que 14 dos bancos mais falidos e que mais dinheiro receberam entre os 19 piores do mundo são ou americanos ou britânicos.

As cinco primeiras praças financeiras por continente (evolução desde Março de 2007).As cinco primeiras praças financeiras por continente (evolução desde Março de 2007) - Fonte - GFC Index – Long Finance

As Finance 5 maiores praças financeiras europeias (evolução desde Março de 2007).

As Finance 5 maiores praças financeiras europeias (evolução desde Março de 2007) – Fonte - GFC Index – Long

Pequena lembrança do «resgate» dos bancos. Fonte –  Yannis Youlountas.

Pequena lembrança do «resgate» dos bancos. Fonte -  Yannis Youlountas

Couto Soares Pacheco