O desperdício alimentar das famílias residentes no Porto e a insegurança alimentar entre os idosos portugueses são dois dos 469 projetos que vão ser apresentados por estudantes universitários, na Reitoria da Universidade do Porto.
Pedro Rodrigues, vice-reitor para investigação e desenvolvimento da Universidade do Porto (UP), explicou que o evento, denominado “Encontro Investigação Jovem (IJUP)”, e que decorre entre quarta e sexta-feira, é um “primeiro confronto com a realidade da investigação científica” para os cerca de 900 estudantes do 1.º e 2.º ciclos ou mestrado integrado da UP.
“Este encontro assume a estratégia da UP de dar mais relevância à investigação científica, uma das principais missões da Universidade, dando a oportunidade a estes estudantes de participarem num evento científico e num encontro que se realiza nos moldes de um congresso”, esclareceu.
Ao longo destes três dias, a Reitoria da UP vai ser palco de 469 apresentações de trabalhos científicos, tanto em comunicação oral como em ‘poster’, sendo as ciências da saúde, da biologia, da química, da engenharia e do desporto, as áreas com maior “presença” nesta 12.ª edição.
Taíse Portugal, mestre em ciências do consumo e nutrição pela Faculdade de Ciências da U.Porto, apresentou o seu trabalho científico designado de “Avaliação do desperdício alimentar das famílias residentes no Porto”, que teve por base um inquérito realizado a 583 famílias de oito municípios da área do Porto (Maia, Matosinhos, Póvoa de Varzim, Porto, Vila do Conde, Gondomar, Valongo e Espinho).
“O estudo iniciou-se a partir da perspetiva que existe sobre a alimentação saudável e a questão do desperdício alimentar, tendo em conta que, em Portugal, principalmente, no Porto, temos poucos estudos referentes à questão do desperdício alimentar”, contou a jovem investigadora.
Segundo a responsável, o inquérito, que, além de hábitos e práticas de consumo, também questionou as famílias sobre os alimentos mais desperdiçados, permitiu concluir que “15% das pessoas desperdiçam mais as gorduras” e que “60% das pessoas nunca desperdiçou ovos”.
“Todas as respostas que obtive demonstram um conhecimento e preocupação referente ao desperdício alimentar, assim como a prática de ações que não resultam em muito desperdício”, acrescentou Taíse Portugal.
Também Joana Sampaio, licenciada em nutrição e mestre em saúde pública, apresentou a sua dissertação de mestrado, assente no projeto HARMED do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), sobre “A exposição ao abuso e à insegurança alimentar entre os idosos portugueses”.
A jovem investigadora adiantou que pretende dar continuidade ao trabalho, isto porque gostaria de perceber “se existe algum efeito cumulativo entre as vulnerabilidades a que os idosos estão expostos e se esse efeito pode acarretar piores resultados a nível de saúde e averiguar as questões mais biológicas”.
Nesta 12.ª edição, o IJUP conseguiu “quase duplicar” o número de apresentações de trabalhos de jovens internacionais, passando assim de 44 para 72 as inscrições estrangeiras. Da educação ao direito, passando pela comunicação, engenharia, artes e linguagem, a Comissão Científica vai distinguir, no final da iniciativa, com uma Menção Honrosa alguns dos trabalhos apresentados e que representam a inovação da Universidade do Porto.