Os horticultores da Póvoa de Varzim consideram de “vital importância” o reforço das dunas nas praias no norte do concelho, para evitar a entrada de água do mar nos campos agrícolas adjacentes à costa.
O alerta foi dado pela Horpozim – Associação Empresarial Hortícola, na sequência dos recentes acontecimentos na praia da Estela, onde a proteção dunar artificial junto ao campo de golfe local tem mostrado sinais de degradação, colocando em risco a sustentação da erosão costeira.
“O possível desaparecimento desta proteção natural, composta pelas dunas da praia da Estela, colocará em causa a salubridade da água [dos lençóis freáticos], pois a sua salinização inviabilizaria o seu uso de rega. Mas, mais grave do que isso, seria a invasão da água do mar no vasto território cultivado, que estará abaixo do nível das águas do mar”, expressou a Horpozim, num comunicado.
A associação diz que será “catastrófico para a região” se os campos agrícolas adjacentes à costa forem contaminados com água do mar, lembrando que milhares de pessoas dependem da produção hortícola para o seu sustento.
“Terá consequências severas para a economia local. A qualidade dos produtos agrícolas produzidos localmente é reconhecida pelos consumidores (…), sendo os principais mercados grossistas do norte do país e a Galiza o destino do escoamento de grande parte das produções”, vincou a Horpozim.
A associação diz que esta ameaça do rompimento das dunas está a causar “enorme desassossego” aos horticultores e pediu à Câmara Municipal da Póvoa de Varzim que instasse o Governo a tomar medidas para travar o avanço da erosão costeira no concelho.
A autarquia poveira, através de uma carta enviada ao Ministério do Ambiente, já expôs a situação ao Governo, pedindo uma intervenção “urgente”, mas “sustentada”.
“As questões da erosão costeira não podem ser pensadas para o ‘aqui e agora’ mas devem prever um plano sustentado de intervenções com alcance a médio e longo prazo. Preocupa-nos a sustentabilidade de uma atividade económica [horticultura] de relevante interesse local, regional e nacional e que ficará em risco caso nada se faça para reduzir o avanço da erosão dunar que, em breve, levará ao seu desmoronamento e permitirá o avanço do mar até aos campos agrícolas”, alertou a Câmara Municipal.
Nesse sentido, a autarquia pediu “uma intervenção imediata nos locais em risco que passará pela urgente alimentação artificial de areias e uma intervenção sustentada e mais robusta que poderá passar pela implementação de soluções de engenharia natural de forma a potenciar uma barreira ao avanço do mar, complementadas com nova alimentação artificial de areias”.