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PS quer ouvir municípios no Parlamento sobre fixação de tarifas de água pela ERSAR

28 Outubro 2024
PS quer ouvir municípios no Parlamento sobre fixação de tarifas de água pela ERSAR
Política
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O Partido Socialista (PS) quer ouvir no Parlamento a Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) sobre o decreto-lei que atribui à entidade reguladora a fixação das tarifas da água a partir de 2026, uma intenção que tem sido contestada.
Em causa está um decreto-lei do Governo, publicado há uma semana em Diário da República, que altera o regime da fixação das tarifas da água e resíduos sólidos urbanos, devolvendo essa competência para a Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR).
Em comunicado, o grupo parlamentar do PS refere que quer ouvir, “com caráter de urgência”, no Parlamento a Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), face à sua posição de oposição à alteração.
“Dado o impacto significativo que estas alterações terão para a gestão e autonomia dos municípios em relação à água e aos serviços de resíduos e, eventuais, impactos diretos nas tarifas pagas pelos consumidores, os deputados do PS consideram essencial ouvir a posição da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), bem como conhecer o conteúdo do parecer da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) entregue ao Governo referido sobre esta matéria”, justifica o PS.
Segundo os socialistas, a implementação do decreto-lei significa “o retrocesso a uma lei que vigorou de 2014 até 2021 e que assentava num equilíbrio correto entre os poderes dos municípios e do Estado e do regulador.”
“O Governo retira aos municípios a discricionariedade para a fixação das tarifas da água e resíduos, decisão que segundo a Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) viola a autonomia do poder local”, aponta o PS.
A apreciação e votação do requerimento do PS decorre na terça-feira, na comissão de Poder Local e Coesão Territorial da Assembleia da República.
O decreto-lei, publicado em 23 de outubro, define as tarifas cobradas nos termos dos contratos de concessão de sistemas multimunicipais para 2024 e altera os estatutos da Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR).
As alterações permitem que, a partir de 2026, a Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR) fique novamente responsável por “fixar as tarifas para os sistemas de titularidade estatal, assim como supervisionar outros aspetos económico-financeiros das entidades gestoras dos sistemas de titularidade estatal, nomeadamente emitindo pareceres, propostas e recomendações”.
A entidade reguladora ficará ainda responsável por “regulamentar, avaliar e auditar a fixação e aplicação de tarifas nos sistemas de titularidade municipal, qualquer que seja o modelo de gestão”, de acordo com o texto do decreto-lei.
A presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), Luísa Salgueiro, já criticou a decisão do Governo, por “violar a autonomia do poder local”.
A alteração, que “permite que seja a Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR) a fixar as tarifas merece o nosso repúdio, ou melhor dizendo, a nossa forte oposição, uma vez que viola claramente a autonomia do poder local”, defendeu Luísa Salgueiro (PS).
No final de uma reunião do conselho diretivo da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), realizado em 3 de setembro, em Coimbra, a também presidente da Câmara Municipal de Matosinhos salientou que devem ser os municípios a fixar as tarifas dos serviços que são prestados no seu território.
Também o presidente dos Autarcas Social-Democratas (ASD), Pedro Pimpão, afirmou que a fixação de tarifas pela Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR) “não faz qualquer sentido” e viola a autonomia do poder local.
Algumas autarquias também aprovaram moções a contestar a decisão do Governo, defendendo que esta é uma competência do poder local.