Última hora

Farfetch vai reduzir entre 25% a 30% dos trabalhadores a nível global na reestruturação

18 Fevereiro 2024
Farfetch vai reduzir entre 25% a 30% dos trabalhadores a nível global na reestruturação
Economia
0

A Farfetch vai reduzir entre 25% a 30% dos seus trabalhadores a nível global, no âmbito da reestruturação do grupo, depois de na passada quinta-feira José Neves ter abandonado a liderança da plataforma de comércio online.
“Depois de avaliadas as principais prioridades e recursos em todo o negócio, tomamos a difícil, mas necessária decisão de reduzir globalmente o ‘headcount’ [número de trabalhadores] e funções redundantes”, disse a mesma fonte.
“Esta decisão permite sustentar o futuro do negócio e como resultado permite que a Farfetch opere numa posição reforçada e focada naquilo que faz melhor: fornecer experiências excecionais para as marcas, boutique e clientes”, destacou, assegurando que “Portugal continua a ser uma base importante para a Farfetch”.
O último relatório e contas completo do grupo, de 2022, dava conta de quase 6.800 trabalhadores na Farfetch.
Ainda antes de ser conhecido o acordo de aquisição da Farfetch pela Coupang, originária da Coreia do Sul, que foi concluído em janeiro, já vinha a ser noticiado que a empresa poderia vir a fazer uma reestruturação com despedimentos que inicialmente apontava para 800 trabalhadores, mas poderia ser alargado para 1.700 ou 2.000 pessoas.
Entretanto, o fundador da Farfetch, José Neves, deixou esta quinta-feira a liderança da plataforma de venda de marcas de luxo, sendo substituído por Bom Kim, do grupo Coupang.
“A partir de hoje [quinta-feira], José Neves já não ocupa o cargo de CEO [presidente executivo] da Farfetch. Bom Kim e a equipa executiva da Farfetch irão liderar interinamente a empresa”, disse a mesma fonte.
A Coupang concluiu a compra dos ativos da Farfetch providenciando “acesso a 500 milhões de dólares [466 milhões de euros] em capital” ao grupo fundado por José Neves, de acordo com um comunicado divulgado em janeiro.
“Esta aquisição permite à Farfetch continuar a prestar serviços excecionais às suas marcas e boutiques parceiras, bem como a mais de quatro milhões de clientes em todo o mundo”, segundo a mesma nota.
A Coupang acredita que, tirando partido das suas capacidades operacionais e da logística, “a Farfetch está agora bem posicionada para prosseguir um crescimento estável e ponderado”.
A Farfetch – plataforma de venda de marcas de luxo fundada em 2008 por José Neves, com sede fiscal em Londres e que foi o primeiro ‘unicórnio’ português (‘startup’ avaliada em mais de mil milhões de euros) – tem vindo a apresentar prejuízos e recentemente a sofrer grandes perdas em bolsa, após dois anos de lucro em 2021 e 2022, em que beneficiou do ‘boom’ do comércio online.
No segundo trimestre do ano passado, a Farfetch reportou perdas de 258 milhões de euros (281,3 milhões de dólares), face ao lucro de 62 milhões de euros (67,6 milhões de dólares) do período homólogo, tendo as receitas caído para 526 milhões de euros (572 milhões de dólares, face a 579 milhões no período homólogo) e o EBITDA (resultado antes de impostos, juros, depreciações e amortizações) ajustado do grupo piorado para 28 milhões de euros negativos (30,5 milhões de dólares negativos).
A apresentação de resultados da Farfetch relativa ao terceiro trimestre de 2023 estava prevista para 29 de novembro, altura em que se esperavam também novidades ao nível da estratégia e gestão, mas foi desmarcada pela empresa.
Em Portugal tem havido receios de que a situação da empresa possa vir a ameaçar a concretização do projeto imobiliário Fuse Valley, em Leça do Balio, no concelho de Matosinhos, um investimento de 200 milhões de euros partilhado com a construtora bracarense Castro Group.