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Nove dos 15 desalojados do prédio que ruiu na Rua 31 de Janeiro, no Porto, sem teto para dormir

30 Abril 2023
Nove dos 15 desalojados do prédio que ruiu na Rua 31 de Janeiro, no Porto, sem teto para dormir
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Nove dos 15 desalojados do prédio que ruiu parcialmente na Rua 31 de Janeiro, no Porto, na passada quinta feira, estão sem solução para passar as próximas noites, disse hoje Romain Valentino, da organização Habitação Hoje (HH).
“Não há solução para estas pessoas. Ninguém avançou com nada. Neste momento as nove pessoas estão na rua e não sabem onde vão passar as próximas noites”, relatou o porta-voz da organização que está a tentar ajudar os cidadãos do Bangladesh desalojados pelo acidente ocorrido ao final da tarde de quinta feira.
A Câmara Municipal do Porto e a Segurança Social são, neste contexto, apontadas como culpadas da situação pelo membro da Habitação Hoje (HH): “Foi feita uma declaração, de que haveria uma solução (…) mas da conversa que tivemos [sexta feira] com a Segurança Social percebemos que as coisas vão demorar e o que se pode dizer é que não há solução para estas pessoas”.
O desabamento parcial do edifício de três andares deixou 15 pessoas sem teto, sendo que das restantes seis “três estarão alojadas numa pensão no Bonfim e as outras, uma família com uma criança de dois anos, estarão em casa de um conhecido”, afirmou Romain Valentino, frisando, desconhecer se a “situação se mantém” pois “não tem contacto com eles”.
Os nove sem solução de alojamento “passaram a última noite numa pensão em Matosinhos”, disse.
“Houve uma comunicação bastante surreal da Câmara Municipal, a falar pela Segurança Social (SS), dizendo que a Segurança Social estava a avaliar uma solução permanente, o que para além de falso é ainda muito abusivo em relação à SS, que nunca o disse”, criticou o dirigente da organização.
E prosseguiu: “A Segurança Social declara ser da responsabilidade da autarquia as soluções que não sejam emergências, de uma noite, situação confirmada pelo Rui Moreira que disse ter de ser feito pelo SAAS [Serviço de Atendimento e Acompanhamento Social] e que este não recebeu o pedido o que, mais uma vez, é falso”.
Romain Valentino, para sustentar a acusação feita ao autarca do Porto, relatou o “esforço da Habitação Hoje (HH)” na tarde de sexta feira no acompanhamento dos moradores “quando foram direcionados pela Segurança Social (SS) para o Centro Nacional de Apoio à Integração de Migrantes (CNAIM), tendo-lhes lá sido dito que o que podiam fazer era declarar a situação à Ação Social da Câmara do Porto e esperar uma resposta”.
“O que fez, primeiro por telefone, e depois a pedido do Serviço de Atendimento e Acompanhamento Social (SAAS) por ‘email’, ficando nós à espera de uma resposta. Isto foi ontem [sexta feira) e o ‘email’ deve ter sido mandado, o mais tardar, às 15:00”, descreveu o responsável, acrescentando que “quase na hora do fecho do Centro Nacional de Apoio à Integração de Migrantes (CNAIM), a funcionária disse-nos ter recebido resposta por telefone da Ação Social a dizer que não há solução”.
A mesma pessoa, continuou Romain Valentino, explicou-lhes então “que o único recurso possível era a linha de emergência [Linha Nacional de Emergência Nacional]”, situação que “imediatamente foi ativada e que levou à solução para a noite passada em Matosinhos”.
“As pessoas que ficaram no meio disto foram completamente abandonadas e não tiveram contacto de ninguém, estatal ou da câmara. Ninguém tentou ligar ou aproximar-se e perguntar se tinham apoio, qualquer coisa”, lamentou.
A Câmara mantém que “ao SAAS Porto não chegou qualquer sinalização ou pedido de intervenção” e que “tanto quanto se conseguiu apurar o realojamento foi garantido entre o Centro Nacional de Apoio à Integração de Migrantes (CNAIM) e a Segurança Social até terça-feira, altura em que será reavaliado por aquelas entidades e atuarão em conformidade”.