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Contas da Câmara Municipal de Vila do Conde aprovadas em sessão marcada por divergência

14 Abril 2023
Contas da Câmara Municipal de Vila do Conde aprovadas em sessão marcada por divergência
Política
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A Câmara Municipal de Vila do Conde aprovou esta quinta feira o Relatório e Contas de 2022, numa sessão marcada por divergências entre a maioria do PS, que lidera o executivo, e os deputados da oposição do movimento NAU.
O documento, que espelha um saldo de gerência positivo de 4,6 milhões de euros, fruto das receitas de mais de 70 milhões de euros e as despesas de cerca de 66 milhões, foi ratificado com os votos dos elementos do PS, mas teve a reprovação dos dois vereadores do NAU.
Em causa, segundo os representantes do movimento independente liderado pela ex-presidente de Câmara Elisa Ferraz, esteve um atraso, de algumas horas, no envio da documentação por parte dos serviços municipais, que levaram o NAU a votar contra todos os pontos da ordem do dia, incluindo o item relativo às contas do município.
“Devíamos ter recebido os documentos até às 17:00 de terça feira, mas só os começámos a receber [por via digital] entre as 19:00 e as 22:30 desse dia. Com este atraso, não havia qualquer hipótese de analisar, com tempo e rigor, as matérias que tinham de ser discutidas”, disse Elisa Ferraz, líder do NAU.
A ex-presidente, e agora vereadora da oposição, considerou que o sucedido se deveu “ao caos instalado nos serviços administrativos da Câmara”, falando em “falta de respeito” pelos restantes elementos do executivo.
“Estamos no papel de oposição, mas também fomos democraticamente eleitos. Temos o direito de ser esclarecidos e respeitados e isso não acontece. O executivo do PS, reiteradamente, não responde às nossas perguntas. É impensável nos dias de hoje”, completou Elisa Ferraz.
O Presidente da Câmara Municipal de Vila do Conde, Vítor Costa, reconheceu que houve um “pequeno atraso” no envio da documentação, justificando-o com a “elevada dimensão dos ficheiros informáticos, que tiveram de ser remetidos por uma via alternativa”.
“Foi um atraso de algumas horas, que já tinha acontecido nos mandatos anteriores e, como oposição, nunca levantámos estes problemas. À míngua de propostas e argumentos para criticarem o trabalho do executivo, os elementos da NAU amarram-se a coisas menores, que nada interessam aos vilacondenses”, disse Vítor Costa.
Sobre o Relatório e Contas, o presidente da autarquia mostrou-se “satisfeito com a gestão e rigor na execução do orçamento”, apesar de considerar que os resultados podiam ser “ainda melhores” não fosse a “herança pesada” recebida da anterior vigência municipal.
“As receitas foram superiores às despesas, mas as nossas opções ainda estão muito amarradas à pesada herança financeira que recebemos do executivo anterior [liderado por Elisa Ferraz], e que tivemos de gerir. Isso impediu a concretização de alguns dos nossos objetivos. Acredito que 2023 será um ciclo distinto no investimento municipal”, antecipou Vítor Costa.
O Presidente da Câmara Municipal de Vila do Conde anunciou, ainda, que será feito um novo empréstimo, a curto prazo, no valor de 1,5 milhões de euros, para debelar “pequenos problemas de tesouraria”.
“A inflação galopante e os aumentos dos custos com energia e salários colocaram alguma pressão sobre a nossa tesouraria. Como não queremos ter qualquer pagamento em atraso, optamos por este recurso, que não contará para o endividamento do município”, disse o autarca.
Vítor Costa detalhou que o pagamento do empréstimo será feito até ao final do ano “não trazendo constrangimentos” às finanças da autarquia, lembrando que o “grosso das receitas municipais chegará em julho, nomeadamente com o IMI”.
Nesta sessão da reunião de Câmara Municipal de Vila Conde não esteve presente o vereador único do PSD, a outra força política representada do município, que assim não participou no debate nem na votação.