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Suspeito de matar empregado ucraniano na Póvoa de Varzim não fala no início do julgamento

27 Outubro 2022
Suspeito de matar empregado ucraniano na Póvoa de Varzim não fala no início do julgamento
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O homem acusado matar um trabalhador ucraniano, no ano passado, na Póvoa de Varzim, remeteu-se ao silêncio na primeira sessão do seu julgamento que começou esta quarta feira no Tribunal de Matosinhos.
O suspeito, de 43 anos de idade, e que está em prisão preventiva, foi acusado dos crimes de homicídio qualificado, escravidão e profanação de cadáver, este último o mesmo delito que é imputado à mãe, à mulher e ao sócio do principal arguido.
Em causa está a morte de um cidadão ucraniano, de 51 anos de idade, em junho de 2021, que trabalhava numa exploração agrícola propriedade do suspeito e que, segundo a acusação, terá sido sodomizado com recurso a um objeto contundente que lhe causou graves hemorragias de sangue, levando à sua morte.
Recaem também suspeitas de que o trabalhador do leste da Europa, que vivia numa rulote com parcas condições de habitabilidade na exploração agrícola, era escravizado e alvo de maus-tratos por parte do empresário.
Nesta primeira sessão do julgamento, o arguido de 43 anos prescindiu de prestar declarações sobre as acusações que lhe são feitas, tal como a mulher e o sócio, que também se sentaram no banco dos réus.
A mãe do suspeito, também arguida, não esteve presente devido a problemas de saúde.
Na primeira sessão do julgamento, foi ouvido o inspetor da Polícia Judiciária (PJ) que conduziu a investigação, que relatou que o primeiro contacto com os arguidos se deu na casa da mãe do principal suspeito, onde estava o cadáver.
A investigação aponta, ainda assim, que o crime não tenha acontecido nesse local, mas sim na exploração agrícola, tendo, alegadamente, o principal suspeito, com ajuda da mãe e do seu sócio, transportado o corpo para a habitação e ligado para o número de emergência médica reportando o óbito, atribuindo-lhe, inicialmente causas naturais.
Segundo o elemento da Polícia Judiciária (PJ), nos primeiros depoimentos recolhidos entre os arguidos foram reconhecidas “algumas incongruências” na versão dos acontecimentos, tendo, igualmente, sido notado que a rigidez e a posição do cadáver não indiciava que morte tivesse acontecido na habitação.
O inspetor relatou que, numa primeira perícia à rulote onde vivia a vítima foram encontrados “vestígios hemáticos [de sangue]” e que o relatório do Instituto Medicina Legal determinou que a morte aconteceu devido a hemorragias.
O elemento da força policial disse, ainda, que numa segunda perícia à rulote, o local já tinha sido limpo e arrumado, mas que foram encontrados “pertences da vítima debaixo de um monte de plásticos a alguns metros do local”.
O investigador considerou que a vítima, que sofria de alcoolismo, “vivia em condições degradantes” e que nas escutas telefónicas reunidas após o crime havia indícios de ser alvo de “tratamento humilhante” por parte do patrão.
O inspetor da Polícia Judiciária (PJ) relatou que “chegou a investigar-se a possibilidade de envolvimento do sócio no crime”, mas apurou-se que o mesmo “não participou” no homicídio e que até se terá mostrado “reticente” na alegada transferência do corpo.
Foi ainda relatado que, através de imagens de vídeo-vigilância, de algumas habitações e estabelecimentos comerciais, foi possível identificar os suspeitos a deslocaram-se, nas suas viaturas, entre o local onde o crime terá acontecido e a casa onde foi reportada a morte do trabalhador.
As próximas sessões do julgamento estão agendadas para 2 e 9 de novembro, também no Tribunal de Matosinhos.