Última hora

Vereadores do movimento independente NAU rejeitam votar contas da Câmara de Vila do Conde

23 Abril 2022
Vereadores do movimento independente NAU rejeitam votar contas da Câmara de Vila do Conde
Política
0

Os vereadores da oposição eleitos pelo movimento independente Nós Avançamos Unidos (NAU) na Câmara Municipal de Vila do Conde recusaram-se a votar o Relatório e Contas da autarquia, relativo a 2021, justificando a atitude pela falta de uma auditoria.
“Esta tomada de posição resulta do anúncio público por parte do atual presidente da Câmara, Vítor Costa, de um suposto buraco financeiro de 13 milhões de euros nas contas municipais. Ameaçou com uma auditoria às mesmas, em dezembro de 2021, até hoje não concretizada, apesar dos sucessivos apelos do movimento NAU para esclarecimentos sobre a mesma”, justificaram os vereadores do NAU.
O movimento independente, liderando pela ex-presidente de Câmara Elisa Ferraz, agora vereadora da oposição, considera que se vive em Vila do Conde “um clima de intimidação permanente e age-se confundindo maioria absoluta com poder absoluto” e garante que a “NAU não se deixará intimidar, e continuará a lutar pelos interesses dos vilacondenses”.
“O documento não reflete qualquer indício de buraco financeiro, pelo contrário, o relatório apresenta um grau de execução de 90% na receita e de 80% na despesa, transitando de 2021 para 2022 um saldo positivo de 7,2 milhões de euros”, acrescentam os vereadores do NAU, com três eleitos, em comunicado.
Este Relatório e Contas de 2021, assente num orçamento de 71,8 milhões de euros, que engloba, quase na totalidade, o último ano de vigência de Elisa Ferraz como presidente de Câmara, acabou aprovado pela maioria do PS que agora governa a autarquia, e mereceu o voto contra do vereador do PSD, a outra força da oposição representada no executivo.
Numa nota informativa, a autarquia vilacondense liderada pelos socialistas lembra que “as contas de 2021 transmitem as opções de gestão e de políticas públicas até meados de outubro do ano transato” apontando que as mesmas “redundaram em indesejadas consequências orçamentais, que devem ser preventivamente evidenciadas, para que exercícios futuros não possam ser severamente condicionados, como já está a acontecer no corrente ano”.
A Câmara avança: “as contas de 2021 apresentam um prejuízo de cerca de um milhão de euros, e que apesar do saldo de gerência que transita para 2022 ser de 7,2 milhões de euros, também transitaram compromissos no valor de 23 milhões de euros”.
“A gestão municipal, as dinâmicas socioculturais e as políticas de investimento devem resistir à tentação de atuar ao sabor dos ciclos eleitorais. Tudo deve ser conduzido em termos de equilíbrio, realismo e bom senso. Gastar muito e depressa, apenas porque há eleições, é um conceito pouco democrático, nada avisado e de péssima gestão”, cita a mesma nota da Câmara de Vila do Conde.
“Como nota negativa, porventura maior, é o facto de se ter orçamentado em 2021 o triplo da receita prevista com fundos comunitários, traduzido numa receita orçamentada de fundos comunitários de 9,95 milhões de euros, a que apenas correspondeu uma receita efetiva de 3,2 milhões. Trata-se de um exercício inadequado e grosseiro”, acrescenta a edilidade.
Já Pedro Soares, vereador do PSD, considerou que a auditoria proposta pelo atual presidente de Câmara sobre os mandatos anteriores “já devia ter sido realizada e finalizada” a tempo desta aprovação das contas, considerando ser importante para os vilacondenses saberem “quem tem razão neste diferendo”.
Sobre os motivos para o ‘chumbo’ ao documento, o social-democrata aponta que este “Relatório e Contas de 2021 não retrata as pretensões do PSD de aumento de investimento e realização obras estruturantes necessárias para o concelho”.