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Clã eleitos Melhor Grupo dos Prémios Play

13 Julho 2021
Clã eleitos Melhor Grupo dos Prémios Play
Cultura
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O cantor Dino D’Santiago foi o mais premiado na terceira edição dos Prémios Play da Música Portuguesa, entregues na passada quinta feira, em Lisboa, numa cerimónia onde foram deixados vários alertas sobre a crise que a Cultura atravessa.
Os vilacondenses Clã foram o Melhor Grupo, enquanto Capicua venceu na categoria de Melhor Artista Feminina. O prémio de Canção do Ano foi atribuído a ‘Louco’, de Piruka, e Cláudia Pascoal saiu da rua das Portas de Santo Antão coroada como Artista Revelação. Outros prémios atribuídos: Melhor Videoclip (‘Assobia Para O Lado’, de Carlão, realizado por Fernando Mamede), Melhor Álbum Jazz (‘Dianho’, de André Fernandes), Melhor Álbum de Música Clássica/Erudita (‘Duarte Lobo: Masses, Responsories & Motets’, dos Cupertinos), Lusofonia (‘É Tudo pra Ontem’, de Emicida) e Melhor Álbum de Fado (‘Do Coração’, de Sara Correia).
A vocalista dos Clã, distinguidos com o prémio de Melhor Grupo, Manuela Azevedo, partilhou esperar que “esta festa não seja só uma festa, mas também um lembrete a quem governa que é muito importante defender a Cultura, defender quem faz a Cultura, os seus trabalhadores, proteger os seus direitos e garantir que a Cultura portuguesa se mantém viva e com saúde”.
A rapper Capicua, que venceu na categoria de Melhor Artista Feminina, lembrou que “ser mulher e artista é um desporto de combate, sobretudo nos últimos meses”.
“É um ato de resistência continuar a fazer música neste país e sobretudo nestas circunstâncias”, afirmou ao receber o prémio.
A terceira edição dos Play foi para Dino D’Santiago uma espécie de repetição da primeira, que decorreu em 2019. Na quinta feira à noite, como há dois anos, o cantor subiu três vezes ao palco do Coliseu dos Recreios para receber os prémios de Melhor Artista Masculino (em 2019 era de Melhor Artista Solo, sem distinção de género), Melhor Álbum, desta vez com “Kriola”, e Prémio da Crítica, este último atribuído por um grupo de dez jornalistas.
Dino D’Santiago dedicou o prémio de Melhor Álbum – atribuído a “Kriola”, um disco “que tem uma carga muito emotiva” e “um ‘statement’ [afirmação, em português]” que o cantor quer “levar para a vida: branco com preto, geração de ouro” – a Bruno Candé, ator que foi assassinado em julho do ano passado em Moscavide, vítima de um crime de ódio racial.
“Este vai direto para a família do Candé, vai para os três putos. Eu prometi e vai direto para lá”, afirmou Dino D’Santiago.
A noite no Coliseu de Lisboa foi de celebração da música portuguesa, mas também de lembretes sobre a situação difícil que atravessam os profissionais do setor da Cultura.
A dada altura, a apresentadora da cerimónia, Filomena Cautela, salientou que “sem regras claras é difícil programar espetáculos que permitam a milhares de pessoas trabalhar” e alertou que para muitos este “é mais um verão sem trabalho” e “sem apoios são muitos os que vão ficar pelo caminho”.
A apresentadora recordou que embora os artistas sejam “o rosto e a face da Cultura”, “todos os que permitem que a Arte e a Cultura aconteçam merecem o mesmo destaque”.
Filomena Cautela mostrou aos espectadores o que teria acontecido no Coliseu sem o trabalho de técnicos de áudio, de operadores de câmara (a cerimónia foi transmitida em direto na RTP1) ou de técnicos de luz: “todos são absolutamente essenciais, reiteramos que ninguém pode ficar para trás”.
No fundo do palco do Coliseu surgiu o logo da União Audiovisual (UA), grupo de ajuda alimentar aos profissionais da Cultura que surgiu em abril do ano passado, e Filomena Cautela contou que “foi a UA que se lembrou de quem precisava de apoio”.
“Mais de um ano depois eles continuam incansáveis. Para saber como ajudar é só passar no site da UA. Já ajudaram mais de 300 famílias, mil pessoas por mês. Toda a ajuda conta, se o puderem fazer façam-no. Agora”, afirmou a apresentadora ao lado de vários voluntários da UA, que entretanto ‘ocuparam’ o palco do Coliseu.