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Teatro Art’Imagem estreia espetáculo bilingue metáfora dos dias de hoje “Espécies Lázaro”

16 Junho 2021
Teatro Art’Imagem estreia espetáculo bilingue metáfora dos dias de hoje “Espécies Lázaro”
Cultura
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O Teatro Art’Imagem estreou esta terça feira, no Auditório da Quinta da Caverneira, na Maia, “Espécies Lázaro”, um espetáculo bilingue, português e galego, a partir de um texto original de Vanesa Sotelo, que assume a encenação.
Trata-se da primeira estreia do Teatro Art`Imagem deste ano, inicialmente prevista para 13 de abril, mas que foi adiada devido à agudização da crise sanitária provocada pela pandemia de Covid-19.
Segundo a produção, a peça sobrepõe dois tempos não sequenciais, um no século XVI, protagonizado por três mulheres, e outro na atualidade, com três homens como personagens.
Em ambos, os respetivos trios estão confinados e em situação de rotura psicológica, encontrando-se há demasiado tempo em barcos retidos no meio do mar: as mulheres, num galeão, perdidas no mar das Filipinas, sem rumo nem mantimentos, receando uma revolta da tripulação hostil; os homens, num barco oceanográfico de pesquisa que estuda os fundos do mar da Galiza, em que a tensão de muitos dias passados juntos cria situações de frequentes confrontos.
Os homens seguem a bordo do navio oceanográfico que toma o nome de Isabel Barreto (1567-1612), a primeira mulher almirante na história da navegação, viúva de Álvaro Mendaña (1542-1595), conhecida pela “rainha dos mares do sul”. Isabel Barreto protagonizou uma expedição de mais de 20 mil quilómetros, através do Pacífico. Em janeiro de 1596, comandou o galeão São Jerónimo rumo a Manila, com uma tripulação reduzida, sem água potável, nem mantimentos, no regresso das Ilhas Salomão.
“Espécies Lázaro”, a peça, “trata-se de uma curiosa metáfora para os dias de hoje”, sublinha a produção, referindo-se à pandemia de Covid-19 e à necessidade “urgente de discutir não só o presente, mas também o futuro do planeta, para encontrar caminhos e fazer face à perigosa deriva climática”.
Vanesa Sotelo, autora do drama, escolhe duas vias únicas para essa missão, “a ecologia como bandeira e o riso como forma de esperança para vencermos a crise”, sublinha o diretor artístico do Teatro Art’Imagem, José Leitão, no dossiê de apresentação.
O espetáculo “Espécies Lázaro” tem “o intento de tomar consciência das ausências que nos rodeiam e de questionar o relato assimilado, ao tempo que repensamos as semelhanças que nos aproximam e as diferenças que nos atraem”, escreve, por seu lado, a autora, Vanessa Sotelo.
“Sabemos que a síndrome Lázaro é aquela que se produz quando falha a reanimação cardiovascular e a circulação regressa espontaneamente, depois de vários intentos sem êxito”, prossegue Sotelo. No caso da peça, “Lázaro é o nome que recebem as espécies que, depois de consideradas extintas, voltam a ser vistas com vida”.
O texto, com tradução portuguesa de Diana Vasconcelos, é interpretado por Pedro Carvalho, Flávio Hamilton e o ator galego Davide González.
“Espécies Lázaro” é a 116.ª criação do Teatro Art’Imagem, que a 20 de agosto celebra quarenta anos de atividade, e é o segundo espetáculo bilingue português/galego, depois de, em 2018, ter encenado “Armazenados”, do catalão David Desola.
A peça está integrada “na aposta que o Teatro Art’Imagem fez a partir de 1983 de uma colaboração permanente com o Teatro Galego”, e que se tem consubstanciado em diversas coproduções.
O espetáculo ficará em cena até dia 20, de terça feira a sábado, às 19:00, e, ao domingo, às 16:00.