O porta-voz cessante do PAN, André Silva, aproveitou o facto de o VIII Congresso do partido se realizar em Tomar, “o coração das relíquias da tauromaquia”, para destacar as “derrotas” do setor.
“Estamos em Tomar, no distrito de Santarém, província do Ribatejo, o coração das relíquias da tauromaquia, setor que nos últimos anos tem somado derrota atrás de derrota”, afirmou.
E elencou: “nos últimos seis anos, a garraiada académica do Porto acabou, a de Coimbra terminou, a de Setúbal deixou de se fazer, e a de Évora já não se faz, os bilhetes das corridas são hoje tributados com IVA a 23%, há seis anos eram só borlas fiscais. Nos últimos anos a tauromaquia perdeu vertiginosamente espetadores, a Praça de Touros de Albufeira encerrou e a Praça da Póvoa de Varzim foi demolida”.
“O setor tauromáquico sabe que não adianta falar grosso ou fazer ameaças, que no PAN não temos medo deles, que no PAN pegamos a tauromaquia de caras”, salientou, apontando que “muito” do que referiu “se deve à ação do PAN”.
O porta-voz, que o deixou de o ser neste fim de semana, referiu, igualmente, que antes de o partido ter chegado ao parlamento os representantes do setor “zombavam e sentiam-se intocáveis”, e “hoje em dia fazem abaixo assinados, petições e espante-se, ações de ativismo no Campo Pequeno em que até se algemam aos portões”.
“Não conseguem juntar mais que 20 pessoas numa manifestação: sete cavaleiros, seis matadores, três bandarilheiros, dois emboladores, o Chicão [Francisco Rodrigues dos Santos, líder do CDS-PP] e o Ventura [André Ventura, líder do Chega]”, notou André Silva, declarando que “a tauromaquia faz falta à cultura portuguesa como um acordeão a um funeral”.
No seu discurso na abertura do VIII Congresso do partido, o líder cessante destacou igualmente que “pela mão do PAN o país deu um salto jurídico-filosófico ao deixar de qualificar os animais como coisas”.
Apontando alguns avanços em que, “graças ao PAN, ganharão os animais”, André Silva frisou a proibição do abate de animais para controlo populacional, a possibilidade de os animais de estimação entrarem em cafés ou o fim do uso de animais nos circos.
Aproveitando também que sábado se assinalou o Dia Mundial do Ambiente, o dirigente defendeu que, “se há seis anos o ambiente vivia no dilema entre ser uma nota de rodapé nos programas eleitorais ou ser um branqueador de ideologias totalitárias e ultrapassadas”, hoje em dia, “graças ao PAN o ambiente é um campo político autónomo, é um tema incontornável de qualquer debate político minimamente sério”.
E neste ponto destacou que terminou a “indiferença do descarte irresponsável de pontas de cigarro”, o país “assumiu o compromisso da desplastificação”, assinalando também a “inclusão diária de uma opção vegetariana” nas cantinas públicas, a implementação de “taxa sobre o carbono da aviação que financia a ferrovia” ou “o fim da utilização de óleo de palma na produção de biocombustíveis”.
“O país tem hoje um movimento político ambientalista, o PAN. Quando todos os outros falham, o país reconhece o trabalho do PAN e sabe que estamos sempre presentes para levar a candeia”, advogou André Silva, considerando que “a crise ambiental e a emergência climática” têm de “ser encaradas como o desafio” da civilização.
A atual líder parlamentar, Inês Sousa Real, e única candidata a suceder a André Silva, não esteve na sala para ouvir o discurso de despedida do líder, que foi aplaudido de pé pelos delegados, e a sua ausência dos trabalhos da manhã foi explicada pela mesa com o facto de a deputada estar a recuperar de uma queda.