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Trabalhadores da empresa de laticínios Lactogal de Vila do Conde reclamam aumentos salariais

22 Março 2021
Trabalhadores da empresa de laticínios Lactogal de Vila do Conde reclamam aumentos salariais
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Trabalhadores da Lactogal, empresa que opera na área dos laticínios, reuniram-se esta segunda feira, em Vila do Conde, numa ação de protesto para denunciarem diferenças salariais e reivindicarem uma atualização nos vencimentos.
A manifestação, organizada pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Indústrias de Alimentação e Bebidas (STIANOR), decorreu junto às instalações da empresa, na freguesia vilacondense de Modivas, juntando cerca de duas dezenas de pessoas, que denunciaram que a empresa “não cumpriu” um acordo para o aumento dos salários.
“No ano passado, houve um processo negocial e ficou acordado um aumento de 35 euros, mas, depois, a empresa não cumpriu. Só com obrigação, este ano, da atualização do salário mínimo nacional, a empresa foi obrigada fazer um aumento que ficou aquém do acordado”, explicou Nicole Santos, dirigente do STIANOR.
A responsável do sindicato explicou que o aumento efetuado, fruto do reajustamento do salário mínimo nacional, se pautou em 1,5%, enquanto o que estaria previamente acordado era um incremento de 4 a 5%.
“Usaram a questão da pandemia como pretexto para não aumentarem os salários, quando sabemos que neste período a produção da Lactogal até aumentou. Não há justificação nem fundamentação económica para termos trabalhadores com 15 a 20 anos de casa a ganharem pouco mais que o salário mínimo”, acrescentou Nicole Santos.
Já José Armando Correia, funcionário da Lactogal e também dirigente sindical, lembra que a empresa funciona num regime de produção contínua, com os trabalhadores a operarem por turnos, “num grande esforço que não está a ser reconhecido”.
“Em 2014 ganhávamos mais 70 euros em relação ao salário mínimo da altura, mas, desde então, nunca fizeram esse acerto. Agora, temos cada vez mais funcionários, mesmo com 15 a 20 anos de casa, a ganharem apenas o valor mínimo nacional. Não é justo”, disse José Armando Correia.
O sindicalista partilhou que para 25 de março está marcada uma ronda negocial com a empresa, mas garantiu que se não for encontrado um consenso haverá mais ações de luta dos trabalhadores para “pôr fim às desigualdades”.
“Este é um setor que dá milhões de lucro, e não é justo que as administrações tenham salários principescos e os trabalhadores continuem, durante anos, a receber o salário mínimo”, completou o também operário fabril.
A Lactogal reagiu, em comunicado, lembrando que, como membro da Associação Nacional dos Industriais de Laticínios (ANIL), está vinculada ao contrato coletivo de trabalho estabelecido entre esta associação patronal e os sindicatos representativos do setor.
“A negociação para 2021 iniciar-se-á no próximo dia 25 de março, através da realização de mesas negociais entre a ANIL e os sindicatos representativos dos trabalhadores, pelo que a Lactogal aguarda, com expetativa, o desfecho dessas negociações para cumprir o que ficar estipulado em termos de revisão salarial”, pode ler-se no texto.
A empresa garantiu que “não há, nem nunca houve, da parte da Lactogal, individualmente, negociações salariais com quaisquer sindicatos que não sejam as decorrentes da negociação setorial”, mas disse ter já procedido a um aumento das remunerações dos trabalhadores com funções operacionais.
“Em 2020, apesar do contexto de pandemia com impacto significativo, quer no negócio, designadamente no canal Horeca, quer nos custos associados à gestão da pandemia e à manutenção das suas unidades fabris a funcionar em condições de segurança, a Lactogal incrementou em 1,5% os seus trabalhadores com funções operacionais”, adianta a Lactogal em comunicado.