Última hora

Novo confinamento devido à Covid-19 reduz 80 a 90% do rendimento da safra de lampreia no Norte

13 Janeiro 2021
Novo confinamento devido à Covid-19 reduz 80 a 90% do rendimento da safra de lampreia no Norte
Economia
0

O presidente da Associação de Pescadores do rio Minho e do Mar disse que as restrições impostas pela pandemia de Covid-19 e um novo confinamento geral representam quebras de 80 a 90% no rendimento com a safra da lampreia.
“Primeiro foram as restrições impostas à restauração. Agora é o confinamento geral. Estamos a falar de uma quebra entre 80 a 90% dos nossos rendimentos nesta campanha. São entre 8.000 a 9.000 euros de rendimento de perdas, por pescador. Esta quebra de rendimento na safra da lampreia terá um impacto no volume anual da nossa atividade, que cairá 60 a 70%”, afirmou Augusto Porto.
A pesca da lampreia começou no dia 1 de janeiro e prolonga-se até meados de abril.
Segundo números avançados hoje pelo comandante da capitania de Caminha, Pedro Santos Jorge, responsável pela fiscalização da atividade ao longo daquele rio internacional, este ano, estão matriculadas em Portugal 154 embarcações para a pesca da lampreia e 86 para o meixão, e, em Espanha, 63 para a lampreia e 73 para o meixão.
Augusto Porto explicou que “no arranque da faina perspetivava-se um bom ano de lampreia, mas a pandemia de Covid-19 causou a redução do preço do ciclóstomo e a procura, sobretudo pela restauração”.
A lampreia pode medir mais de um metro e pesar cerca de dois quilogramas, sendo considerada uma verdadeira iguaria da região do Minho.
“A procura reduziu muito por causa do impacto da pandemia na restauração, uma redução entre 60 e 70% por parte dos restaurantes. Agora, com o início do confinamento, vai ser ainda pior. Isto vai ter um impacto tremendo nas nossas vidas”, disse Augusto Porto.
A faina da lampreia decorre na época em que a espécie volta a entrar nos rios, na direção da nascente, para cumprir a fase de reprodução.
“Inicialmente, mesmo só com as restrições, estamos a vender a lampreia a um preço mais baixo, cerca de 50%, em relação a anos anteriores. A lampreia pequena a 10 euros e a grande a 20 euros. O preço mantém-se, mas muitas embarcações já não estão a sair para pescar lampreia”, reforçou Augusto Porto.
Segundo Augusto Porto, atualmente, “na foz do rio Minho operam entre oito e 10 embarcações, quando num ano normal andariam, uma média, de 50 a 60 embarcações”.
No rio Minho, a atividade decorre em cerca de 35 quilómetros daquele curso internacional, variando em função da arte utilizada, já que pode ser feita com “lampreeiras”, a bordo de embarcações artesanais, ou com pesqueiras armadas, arte denominada botirão e cabaceira (estruturas antigas, em pedra, existentes no rio).
No rio Lima, e segundo dados do comandante do porto de Viana do Castelo, Sameiro Matias, estão licenciadas para aquela pesca “65 embarcações locais que têm de operar em três turnos”.
“Das ações de fiscalização que temos realizado registamos menor afluência de embarcações a operar”, referiu o capitão do porto.
A faina faz-se apenas numa extensão total de 10 quilómetros, entre a cidade de Viana do Castelo e a freguesia de Lanheses, no mesmo concelho.
Luís Miguel Ferreira, da direção da Associação de Pescadores do rio Lima, apontou “pouca quantidade de lampreia no rio Lima” e reforçou que “a pandemia de Covid-19 está a afetar as vendas, por falta de procura”, sendo que “os barcos não estão a sair para o rio”.
“Está pior que no ano passado. Por maré conseguimos tirar duas a três lampreias, há dias que não pescamos nenhuma. O preço está muito mais barato em relação a anos anteriores. Neste momento, a lota estava a praticar um preço entre os 35 a 40 euros, mas a partir desta semana deve cair”, especificou Luís Miguel Ferreira.
Luís Miguel Ferreira acrescentou, ainda, que “as vendas são fracas e agora, com o confinamento, a procura vai cair porque os restaurantes vão estar fechados”.
A pandemia de Covid-19 já provocou pelo menos 1.974.159 óbitos resultantes de mais de 92 milhões de casos de infeção em todo o mundo, mas também há registo de pelo menos 65.996.963 pessoas recuperadas da doença.
Em Portugal, já morreram 8.236 pessoas dos 507.108 casos de Covid-19 confirmados, mas também há registo de pelo menos 382.544 pessoas recuperadas da doença.