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João Ferreira não percebe silêncio do Presidente da República sobre fecho da Galp de Matosinhos

22 Janeiro 2021
João Ferreira não percebe silêncio do Presidente da República sobre fecho da Galp de Matosinhos
Política
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O candidato presidencial João Ferreira recusou, esta quinta feira, que o encerramento da refinaria da Galp, em Leça da Palmeira, Matosinhos, seja para promover a descarbonização do país, dizendo não perceber que não haja “uma palavra” do Presidente da República sobre o assunto.
“Estamos perante uma decisão que não é de nenhuma forma motivada por qualquer necessidade do país, por qualquer objetivo de melhoria o país”, considerou, recusando o argumento de que a medida se destine a promover a descarbonização.
Para o candidato comunista, trata-se de uma “decisão motivada única e exclusivamente por aumentos do lucro do acionista” e não de “promover a descarbonização”, pois o país não vai deixar de depender dos produtos refinados que são produzidos em Matosinhos.
Intervindo numa sessão pública em Leça do Balio, o eurodeputado disse ainda não compreender que não haja “uma palavra” do Presidente da República sobre o encerramento da refinaria, pois o chefe de Estado “não pode ser insensível” a situações como esta.
“Sabemos que os seus afetos normalmente nunca penderam muito para o lado dos trabalhadores”, afirmou, considerando que é de uma “irresponsabilidade e insensibilidade” que, no momento que o país atravessa, o chefe de Estado não se pronuncie sobre a situação.
Em causa está o anúncio, em 23 de dezembro, de que a Galp vai concentrar as suas operações de refinação e desenvolvimentos futuros no complexo de Sines e descontinuar a refinação em Matosinhos a partir deste ano.
A decisão afeta, segundo a empresa, 401 postos de trabalho diretos e, segundo os sindicatos, 1.000 indiretos.
O Conselho de Administração da Galp garantiu no dia 13 de janeiro que os 401 trabalhadores da refinaria de Matosinhos, que será encerrada este ano, serão ouvidos e tratados “com respeito” e adiantou que há vários “caminhos possíveis” para aquelas pessoas.
Na sessão pública que esta quinta feira à tarde decorreu no centro cultural de Leça do Balio, Rui Pedro Ferreira, dirigente sindical e membro da Comissão de Trabalhadores da Petrogal, disse ser um “engano” que o fecho da refinaria tenha um “impacto positivo” na redução das emissões.
Para aquele trabalhador, esse argumento do Ministério do Ambiente é “um engano” porque a refinaria do Porto “contribui apenas com 1,7% de emissões de dióxido de carbono o ano todo”.
João Ferreira sublinhou que não se trata “unicamente de combustível, mas de um conjunto de produtos refinados que são matéria-prima para um conjunto de indústrias da região”, notando que o produto terá de ser depois exportado da Galiza.
Para o candidato apoiado pelo PCP e PEV trata-se de “uma ameaça à soberania do país do ponto de vista da produção destes produtos refinados”.
Os deputados da comissão de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação aprovaram na passada quarta feira a audição do Ministro da Economia e da Ministra do Trabalho no Parlamento sobre o encerramento da refinaria da Galp de Matosinhos.
As Eleições Presidenciais, que se realizam em plena pandemia de Covid-19 em Portugal, estão marcadas para 24 de janeiro e esta é a 10.ª vez que os portugueses são chamados a escolher o Presidente da República.
Às Eleições Presidenciais concorrem sete candidatos: Ana Gomes, apoiada pelo PAN e Livre, André Ventura, apoiado pelo Chega, João Ferreira, apoiado pelo PCP e PEV, Marcelo Rebelo de Sousa, apoiado pelo PSD e CDS-PP, Marisa Matias, apoiada pelo Bloco de Esquerda, Tiago Mayan Gonçalves, apoiado pela Iniciativa Liberal, e Vitorino Silva, mais conhecido por Tino de Rans, apoiado pelo partido RIR.