O candidato presidencial João Ferreira recusou, esta quinta feira, que o encerramento da refinaria da Galp, em Leça da Palmeira, Matosinhos, seja para promover a descarbonização do país, dizendo não perceber que não haja “uma palavra” do Presidente da República sobre o assunto.
“Estamos perante uma decisão que não é de nenhuma forma motivada por qualquer necessidade do país, por qualquer objetivo de melhoria o país”, considerou, recusando o argumento de que a medida se destine a promover a descarbonização.
Para o candidato comunista, trata-se de uma “decisão motivada única e exclusivamente por aumentos do lucro do acionista” e não de “promover a descarbonização”, pois o país não vai deixar de depender dos produtos refinados que são produzidos em Matosinhos.
Intervindo numa sessão pública em Leça do Balio, o eurodeputado disse ainda não compreender que não haja “uma palavra” do Presidente da República sobre o encerramento da refinaria, pois o chefe de Estado “não pode ser insensível” a situações como esta.
“Sabemos que os seus afetos normalmente nunca penderam muito para o lado dos trabalhadores”, afirmou, considerando que é de uma “irresponsabilidade e insensibilidade” que, no momento que o país atravessa, o chefe de Estado não se pronuncie sobre a situação.
Em causa está o anúncio, em 23 de dezembro, de que a Galp vai concentrar as suas operações de refinação e desenvolvimentos futuros no complexo de Sines e descontinuar a refinação em Matosinhos a partir deste ano.
A decisão afeta, segundo a empresa, 401 postos de trabalho diretos e, segundo os sindicatos, 1.000 indiretos.
O Conselho de Administração da Galp garantiu no dia 13 de janeiro que os 401 trabalhadores da refinaria de Matosinhos, que será encerrada este ano, serão ouvidos e tratados “com respeito” e adiantou que há vários “caminhos possíveis” para aquelas pessoas.
Na sessão pública que esta quinta feira à tarde decorreu no centro cultural de Leça do Balio, Rui Pedro Ferreira, dirigente sindical e membro da Comissão de Trabalhadores da Petrogal, disse ser um “engano” que o fecho da refinaria tenha um “impacto positivo” na redução das emissões.
Para aquele trabalhador, esse argumento do Ministério do Ambiente é “um engano” porque a refinaria do Porto “contribui apenas com 1,7% de emissões de dióxido de carbono o ano todo”.
João Ferreira sublinhou que não se trata “unicamente de combustível, mas de um conjunto de produtos refinados que são matéria-prima para um conjunto de indústrias da região”, notando que o produto terá de ser depois exportado da Galiza.
Para o candidato apoiado pelo PCP e PEV trata-se de “uma ameaça à soberania do país do ponto de vista da produção destes produtos refinados”.
Os deputados da comissão de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação aprovaram na passada quarta feira a audição do Ministro da Economia e da Ministra do Trabalho no Parlamento sobre o encerramento da refinaria da Galp de Matosinhos.
As Eleições Presidenciais, que se realizam em plena pandemia de Covid-19 em Portugal, estão marcadas para 24 de janeiro e esta é a 10.ª vez que os portugueses são chamados a escolher o Presidente da República.
Às Eleições Presidenciais concorrem sete candidatos: Ana Gomes, apoiada pelo PAN e Livre, André Ventura, apoiado pelo Chega, João Ferreira, apoiado pelo PCP e PEV, Marcelo Rebelo de Sousa, apoiado pelo PSD e CDS-PP, Marisa Matias, apoiada pelo Bloco de Esquerda, Tiago Mayan Gonçalves, apoiado pela Iniciativa Liberal, e Vitorino Silva, mais conhecido por Tino de Rans, apoiado pelo partido RIR.