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Fecho da refinaria da Galp de Matosinhos abala contas do terminal de contentores de Leixões

29 Janeiro 2021
Fecho da refinaria da Galp de Matosinhos abala contas do terminal de contentores de Leixões
Economia
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A descontinuação da refinaria de Matosinhos vai fazer com que a Galp passe de primeira a terceira operadora no porto de Leixões, levando o impacto da petrolífera nas contas da administração portuária a cair para metade.
“Estamos a falar de uma redução em cerca de 50% da preponderância financeira, do impacto financeiro que a refinaria representava para nós”, declarou o presidente da Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo (APDL), Nuno Araújo.
Contas feitas pelo gestor, “em 2020 houve uma quebra de mais de dois milhões de toneladas de produtos movimentados pela refinaria no porto e a expectativa é que a quebra venha a acentuar-se em 2021”.
Globalmente, Leixões movimentava até 2019 muito próximo de 20 milhões de toneladas e este ano vai fechar, na previsão do presidente da APDL, “com pouco mais de 17 milhões de toneladas”.
É uma “quebra significativa e isso deve-se, quase na sua totalidade, à refinaria”, sublinhou Nuno Araújo, assinalando que essa quebra se traduz “num redução em cerca de 50% da preponderância financeira, do impacto financeiro que a refinaria representava para o porto”.
Num momento em que a refinaria vai fechar, “naturalmente que isso adiciona quebras” às já registadas, constata.
A Galp vai concentrar este ano as suas operações de refinação e desenvolvimentos futuros no complexo de Sines e descontinuar a refinação em Matosinhos, anunciou a empresa em 23 de dezembro de 2020.
Em causa estão, segundo os sindicatos, 500 postos de trabalho diretos e mil indiretos.
Para o presidente da APDL, o que se passa agora em Matosinhos é algo mais ou menos preanunciado, apenas precipitado pelas circunstâncias.
“Se confinámos, se houve uma estagnação quase geral da economia, naturalmente que deixou de haver consumo de combustíveis. A Galp e a refinaria [de Matosinhos] foram-se ajustando a essa redução do consumo. Se somarmos a isto a transição energética do país, a descarbonização, dá para ter uma vaga ideia do que está a acontecer. Hoje há mais veículos elétricos, mais veículos híbridos, os combustíveis diminuem”, disse Nuno Araújo.
No fundo, concluiu, “acho que a pandemia veio precipitar aquilo que há muito tempo era uma estratégia da Galp e que se traduz depois numa diminuição de movimentação de crude [petróleo em bruto], de produtos refinados, de um conjunto de produtos que são movimentados no terminal petrolífero de Leixões”.