Os trabalhos do primeiro dos dois dias da II Convenção do Chega terminaram às 2:53 horas de domingo, em Évora, depois de uma noite e madrugada de intervenções elogiosas do líder, André Ventura, e também das forças de segurança.
Já passava da meia noite quando, por proposta de um militante oriundo da PSP, cerca de um terço dos 500 delegados que ainda resistiam guardaram um minuto de silêncio em memória dos elementos das forças de segurança que morreram em serviço.
O delegado José Pires questionou a contradição interna do seu partido, que critica “a promiscuidade” entre política e futebol, quando tem um vice-presidente que faz parte de uma federação desportiva.
Um outro delegado entusiasmou-se com os elogios a Ventura e não resistiu à piada: “vou confessar-vos uma coisa: eu não gosto de homens, mas este homem seduziu-me. É o meu ídolo”.
Um ex-combatente queixou-se dos tratamento dado pelo Estado aos antigos militares e conseguiu, quase à uma hora da madrugada, pôr os delegados a cantar o hino, A Portuguesa, chegando alguns a pensar que os trabalhos já tinham terminado.
E ainda outro delegado pediu aos militantes para se “deixarem de queixas e queixinhas” e trabalharem mais, num estilo de ataque pessoal como o utilizado por vezes pelo líder.
“Se vocês trabalhassem um décimo do que o André Ventura trabalha no parlamento tinham muito mais tempo para malhar nos comunas, nas Mortáguas [irmãs gémeas deputadas do BE] e nessa escumalha toda”, argumentou.
Ainda um militante de Vila do Conde subiu à tribuna para criticar os militantes que não aceitam a democracia interna. “Porque será que os nossos militantes não aceitam a democracia? Não percebo”, disse, apelando para que as divergências internas possam ser sanadas e o futuro do Chega facilitado.
“Sabem porque é que cheira a poder? Porque o André tem razão! Nós somos contra a corrupção, contra os tachos e agora queremos arranjar alguns tachos? Não dá!”, advertiu este militante indignado com o rumo do partido e com as críticas da direita à própria direita, rematando depois: “vai continuar a cheirar a poder e a haver muita gente a cheirar o tacho. Cuidem-se”.
Já perto do encerramento, um militante garantia que o seu filho de 16 anos não iria à escola se o obrigassem a usar máscara.
E, antes de fechar, a mesa anunciou ter recebido um documento de protesto, com cerca de 100 assinaturas de militantes do Chega, pela não realização de eleições na distrital de Leiria.