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Investigadores do CIBIO-InBIO de Vila do Conde descobrem a origem do gado crioulo das Américas

8 Agosto 2019
Investigadores do CIBIO-InBIO de Vila do Conde descobrem a origem do gado crioulo das Américas
Cultura
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Uma equipa internacional, coliderada por uma investigadora do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (CIBIO-InBIO) concluiu que o gado crioulo das Américas tem “múltiplas origens” e uma “identidade única”, que difere entre as raças europeias e africanas.
Em comunicado, o CIBIO-InBIO, sediado em Vila do Conde, explica que o estudo, publicado na revista Scientific Reports, teve como objetivo perceber qual a origem do gado crioulo das Américas [população de gado bovino], uma vez que os estudos anteriormente realizados não permitiam chegar a “um consenso quanto ao contributo” de raças provenientes de outros continentes.
“O gado bovino não existia nas Américas até ao final do século XV quando os primeiros animais foram introduzidos”, sublinha o centro, acrescentando que, por essa razão, a equipa de investigadores analisou “diversos marcadores genéticos de um número sem precedentes de bovinos”.
Segundo o CIBIO-InBIO, os investigadores de 14 instituições científicas, analisaram quase cinco mil indivíduos oriundos de mais de 100 populações, entre elas o gado crioulo das Américas e raças com origem na Península Ibérica, Europa Continental, Inglaterra, África e Índia.
Através das análises genéticas, o estudo desvendou que a origem do gado crioulo americano “não é exclusivamente ibérica”, contando a constituição destas populações com um “importante contributo” de raças de outros continentes, nomeadamente do continente africano.
Além de concluírem que esta população de gado bovino teve “múltiplas origens”, os investigadores afirmam ainda que o “nível de diversidade” do gado crioulo das Américas “varia bastante” entre regiões, nomeadamente, consoante o contributo das raças oriundas de outros continentes.
Citada no comunicado, Catarina Ginja, primeira autora do artigo e investigadora do CIBIO-InBIO salienta que, além deste estudo confirmar o contributo das raças de gado ibérico, aponta também para “um importante contributo de bovinos de outras regiões”.
“Um exemplo são as populações de gado crioulo do Brasil, Panamá, México e Colômbia, que apresentam uma clara contribuição Africana na sua composição genética”, refere Catarina Ginja.
Os investigadores acreditam agora ser necessário “aprofundar o conhecimento” sobre a composição genética desta população.
“Nomeadamente fazendo uso das modernas técnicas de genómica, para investigar a sua adaptação a ambientes específicos, promovendo assim a gestão mais eficiente e a conservação destes recursos genéticos únicos numa região onde se encontram os maiores produtores mundiais de gado bovino”, conclui o CIBIO-InBIO, Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos da Universidade do Porto.