A Venerável Ordem Terceira de São Francisco de Vila do Conde celebrou a 19 de novembro os 200 anos do órgão da Igreja de São Francisco.
O órgão que está ao serviço da liturgia em Vila do Conde, construído em 1817, pelo organeiro Manuel Sá Couto, natural de Santo Tirso, é igual ao que se encontra no Seminário de Teologia, em Braga.
Durante a cerimónia comemorativa dos 200 anos do órgão da Igreja de São Francisco decorreu, também, a apresentação do novo livro do Padre Bártolo Pereira, intitulado “Convento da Encarnação e Lar de São Francisco”.
Entrevistamos o Padre Bártolo Pereira, Capelão da Venerável Ordem Terceira de São Francisco de Vila do Conde.
O que o motivou para escrever este livro?
Como digo na nota de abertura do livro, a propósito dos 200 anos do órgão de São Francisco é dar a conhecer esta casa de Vila do Conde. Este lar de São Francisco é uma mais-valia para Vila do Conde. E, depois, li uma frase muito curta num livro do Padre Tolentino Mendonça que me deu a inspiração total para isto. O Padre Tolentino diz que uma vez numa conversa com uma Freira ela lhe dizia: “eu chego a Deus pela Fé e pela bicicleta”. Evidentemente que pela Fé chegamos a Deus de forma fácil. Chegar a Deus pela bicicleta é altamente complicado, mas ele explicava. E eu agarrei nisto, justamente, das coisas às pessoas, das pessoas e das coisas a Deus. Neste caso concreto, de um órgão simples, que tem 200 anos, a dar a conhecer a casa, o Lar de São Francisco de Vila do Conde, e sobretudo, congregar os irmãos que andam todos um bocadinho engasgados uns com os outros.
Ter percorrido 200 anos de história fez com que descobrisse muitas histórias e estórias?
Evidentemente. Eu vivo no Lar de São Francisco há alguns anos, desde que deixei Zurique. No lar de São Francisco de Vila do Conde descobri, ao longo de 5 ou 6 anos, que é o tempo que aqui estou, em primeiro, a espiritualidade Franciscana, que não conhecia muitíssimo bem. Francisco de Assis é um homem de grande valor na história do Cristianismo e deixa uma herança espantosa no que diz respeito à cultura mundial, que é o valor da fraternidade. Como diz o nosso amigo Valter Hugo Mãe, que agora está na moda, comecei a pensar na felicidade e pensar na felicidade é encontrar soluções para a velhice. E encontrar soluções para a velhice é encontrar soluções para a morte. Que nunca se chega a encontrar.
Quando é que começou a projectar a colocar a história do Lar de São Francisco em livro e quanto tempo é que demorou a executar?
O livro conta a história, o percurso, desta casa que é de São Francisco, sobretudo da Ordem Terceira, que herdou todos os testemunhos e toda a cultura do Convento da Encarnação e depois a Ordem Terceira que fundou o Lar de São Francisco. Há cerca de dois anos para responder concretamente à pergunta. O livro não é um trabalho feito de uma assentada, foi pouco a pouco. Tive que percorrer documentação dos anos de 1600 e 1700 para tirar informação e ideias para o livro.
E qual é o propósito do seu livro, Convento da Encarnação e Lar de São Francisco, para além de manter viva a história?
Para além de acautelar uma série de documentos que fui guardando ao longo dos tempos, informações preciosas sobre esta casa, o livro é lançado e posto à venda para tentarmos restaurar o órgão. O órgão teve um primeiro restauro em 1980 e já nessa altura ficou por cerca de quinhentos contos. Agora, das pesquisas que fizemos para o restaurar novamente em 2017, a primeira proposta foi de cerca de 30 mil euros. Sabemos que qualquer restauro é obra cara, portanto, o livro é lançado com esta intenção. Eu fiz o livro, paguei a impressão do livro e todo o dinheiro que conseguirmos com a venda do livro, que tem o valor de 10 euros, será para amealhar para tentar restaurar este órgão de São Francisco e está à venda nesta casa, mas quem quiser pode ajudar na contribuição para a restauração do órgão.
O Lar de São Francisco de Vila do Conde nasceu, por carta régia, em 1863 e foi inaugurado em 1867.