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Lagom

22 Novembro 2017
Lagom
Cultura
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Sem tradução direta para português, “Lagom” significa algo como “nem pouco, nem demasiado: na medida certa” e é apontado como o estilo de vida que está por trás da felicidade do povo da Suécia.
Lagom (pronuncia-se “laa-gom”) é uma forma de estar na vida que privilegia a harmonia, o equilíbrio, a moderação e a satisfação com aquilo de que dispomos. Mas desengane-se quem acredita que basta procurar na prateleira o livro com o rótulo “Lagom” e ler para começar a sentir os efeitos positivos.
A pensar nos que querem dar os primeiros passos no estilo de vida “Lagom”, a escritora premiada Lola A. Åkerström publicou um livro que é uma espécie de manual de boas vindas ao estilo de vida dos suecos.
Os nórdicos parecem ter descoberto o elixir da felicidade eterna. Depois do “Hygge”, dos dinamarqueses, agora a palavra de ordem é “Lagom”, um conceito adotado e divulgado na Suécia que ajuda – prometem eles – a viver melhor e, até, conquistar a felicidade eterna, como num conto de fadas.
No início do livro Lagoom, Lola A. Åkerström conta aos leitores como, nos seus primeiros tempos na Suécia, foi convidada para um jantar informal com músicos suecos que atuavam em palcos do mundo inteiro. “Para eles”, explica a autora, “uma semana normal podia implicar tocar em cerimónias de entrega do Prémio Nobel ou num concerto mais privado para a família real sueca”. Nesse serão, o que mais surpreendeu Lola foi, por um lado, ninguém se gabar dos seus feitos de forma gratuita e, por outro, até desvalorizarem as suas aptidões. Por exemplo, “a média de línguas faladas fluentemente no grupo era de três por pessoa”, comenta Lola, mas todos desvalorizavam o facto dizendo que não eram falantes nativos. Aquilo que, inicialmente, a autora interpretou como humildade e modéstia rapidamente tomou outra forma e outro nome: Lagom, a norma sueca. Ou como diz o provérbio do país: “onde existe modéstia, existe virtude”.
Os suecos não são adeptos de conversa de circunstância nem tão pouco se envolvem em manifestações públicas desnecessárias. Há uma certa quietude nos suecos que muitas vezes é interpretada como frieza, mas na verdade é, apenas, “Lagom”.
“Movemo-nos a um ritmo antinatural, ao tentarmos acompanhar os outros, mantermo-nos indispensáveis e evitar ficarmos metaforicamente para trás. Sentimos continuamente a luta interior contra as pressões externas que nos rodeiam – do trabalho, lazer, relações e sociedade. Desviamo-nos constantemente dos caminhos naturais da nossa vida e por vezes somos obrigados a premir os nossos botões de reset individuais”, escreve a autora na página três de “Lagom”.
“Lagom” é uma chamada de atenção para o facto de ser mais importante satisfazer as nossas necessidades emocionais do que os nossos desejos. Não podemos estar sempre descontentes. Mas também não podemos conformar-nos com tudo. Existe sempre um meio termo e é a isso que o ser humano deve almejar. Este livro pretende dar-nos aquele empurrãozinho nessa busca pelo equilíbrio individual.
Nem pouco, nem muito, apenas quanto baste é o segredo de “Lagom”.