Um dos antigos edifícios da Seca do Bacalhau, em Vila do Conde, deu lugar, no ano passado, a uma tela gigantesca, exposta para a rua, onde se recuperou a memória da atividade da Seca do Bacalhau.
A conceção artística é da autoria de Isabel Lhano, que executou o mural com Marco Castiço e Miguel Pipa, do Núcleo de Arte Urbana de Vila do Conde, e o seu filho, Luís Costa.
Em primeiro plano, estão retratadas as mulheres que ali trabalhavam na salga e na secagem do bacalhau, com a frase, de Valter Hugo Mãe, “Este foi o mar das mulheres. Aqui se glorificaram e aqui naufragaram” e, na lateral, era possível ver o rosto de uma delas, vandalizado pouco depois da obra estar finalizada, em agosto de 2016.
A recuperação do mural de arte urbana na antiga Seca do Bacalhau que regista a tradição vilacondense foi terminada na semana passada, pelas mãos de Isabel Lhano e Luís Costa.
Agora, na parede lateral do edifício da antiga Seca do Bacalhau podem ser vistas as mãos de uma mulher a segurar um coração. A mudança foi iniciativa de Isabel Lhano, para quem “aquelas mulheres tinham o coração no mar, pois os seus homens eram na maioria pescadores”.
A arte urbana tem por objetivo dignificar espaços abandonados ou edifícios devolutos, dando-lhes uma nova roupagem, chamando a atenção para os mesmos, trazendo a arte para a rua, fora do seu contexto expectável de museu ou galeria de arte, democratizando-a, tornando-a mais próxima de todos.
O trabalho de arte urbana, onde mãe e filho, de forma inédita em Portugal, transformaram por completo o aspeto do edifício devoluto da antiga Seca do Bacalhau pode ser visto a qualquer hora do dia, no meio da rua, na zona onde desagua o rio Ave.