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Viagem ao Egipto (I)

21 Setembro 2016
Viagem ao Egipto (I)
Opinião
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O Egipto é algo que habita na mente de qualquer viajante que se preze, até pelas referências constantes na cultura ocidental. Desde os romances históricos de Christian Jacq, passando pela ficção policial de Agatha Christie, sem esquecer a banda desenhada de Jacobs, Hergé e Jacques Martin e o tom de comédia de Astérix, até às referências do cinema, com projectos faraónicos como os de Mankiewicz e Cecil B. De Mille, o Egipto sempre esteve comigo. Este ano, entendi que era chegada a altura de o conhecer e de o apresentar à minha família. E foi assim que, no final de Julho, aterrámos no Cairo.
Cidade imensa, onde o pulsar dum trânsito anárquico espelha o ritmo do seu viver, a capital do Egipto pareceria indiferenciada de outras cidades árabes, não se desse o caso de ser herdeira duma história de milénios. As pirâmides de Gizé são uma referência omnipresente e a sua primeira visão, erguendo-se por detrás dum mar de edifícios, é algo que deixa qualquer visitante perfeitamente perplexo. Gigantescas e maciças, como que parecem colocar ordem geométrica no caos urbanístico que as rodeia. Erigidas há bem mais de quatro milénios, a palavra que me surge, agora, para as caracterizar é “absurdo”. O esforço a que obrigou a sua construção, a desmedida dimensão e o ineficaz propósito funerário, apesar de serem uma habitação para o Além, tornam-nas quase incompreensíveis.
Mas o Cairo não é só Gizé. Outra visita obrigatória é ao Museu Egípcio, o “armazém” onde está amontoado um fabuloso tesouro arqueológico, situado mesmo ao lado da praça Tahir, a “Praça da Libertação”, palco famoso de várias revoltas políticas. Como em qualquer país muçulmano, a religião é omnipresente. Há templos um pouco por todo o lado, todos vigiados, desde o alto da Citadela, pela enorme Mesquita de Alabastro ou de Muhammad Ali. Sobra, ainda, espaço para os templos dos cristãos cooptas respirarem e para a enorme necrópole onde vive mais de um milhão de pessoas, a “Cidade dos Mortos”. Jan El Jalili é o mais interessante mercado do Cairo, com o habitual labirinto de ruas em que tudo se vende e onde se poderá saborear um “acer asab”, o delicioso sumo da cana do açúcar.
Já fora da cidade, é imprescindível a visita ao complexo de Sakkara, para se observar várias pirâmides de diferentes formas e feitios, entre elas a de Djoser, ou “dos degraus”. Pudemos entrar numa outra, a de Teti, onde descemos até ao sarcófago e apreciámos a intrincada mas descolorida ornamentação.
Era tempo de rumar a sul.
(continua)

Pedro Brás Marques