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Vacina para a tosse convulsa da grávida

22 Setembro 2016
Vacina para a tosse convulsa da grávida
Opinião
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A Tosse convulsa é uma infeção respiratória causada por uma bactéria chamada Bordotella pertussis. A transmissão é feita através do contacto com gotículas respiratórias de pessoas infetadas. Trata-se de uma doença de declaração obrigatória, isto é, sempre que há suspeita de um caso este tem de ser reportado.
Dada a elevada taxa de mortalidade e complicações associadas, em 1965 a vacina contra esta doença foi inserida no primeiro Programa Nacional de Vacinação em Portugal e, desde 1966, são feitas ao longo da vida 5 doses da vacina entre os 2 meses e os 7 anos.
A elevada taxa de vacinação (95%) permitiu controlar esta doença ao longo de muitos anos. No entanto, nem a doença nem a vacina dão imunidade para toda a vida o que significa que, alguns adolescentes e adultos, podem perder a imunidade e adquirir a doença e, assim contagiar o grupo mais vulnerável e sujeito a complicações mais graves, os bebes.
Uma avaliação feita pela Organização Mundial de Saúde em 2012, verificou que em Portugal, assim como em outros 18 países, o número de casos estava a aumentar. Entre 2000 e 2011 contabilizaram-se 370 casos (5óbitos) ao passo que entre 2012 e 2015 foram declarados 677 casos tendo 8 dos doentes falecido. Portanto, em menos de metade do tempo registaram-se quase o dobro dos casos. Verificou-se ainda que a maioria dos doentes eram crianças com menos de 2 meses, que 95% das crianças com menos de um ano necessitaram de ser internadas e algumas precisaram mesmo de cuidados intensivos e, mais importante, todas as mortes ocorreram em crianças com menos de 2 meses e que, por isso, ainda não tinham iniciado a vacinação para esta doença.
Assim sendo, é essencial proteger estes bebes até que possam fazer a vacina.
Nesse sentido, é agora aconselhado às grávidas a vacinação contra o agente que causa a tosse convulsa (trata-se de uma vacina de baixa dose, segura na gravidez que também incluí o tétano e a difteria). Com a vacina as grávidas produzem anticorpos contra a doença que são passados para o bebe através da placenta.
A altura em que a passagem de anticorpos da mãe para o bebe é mais eficaz é entre as 20 e as 36 semanas (idealmente até às 32 semanas), sendo portanto este o intervalo de tempo ideal para ser administrada a vacina. Aconselha-se, também, fazer a vacina preferencialmente após a ecografia do segundo trimestre.
O pico de anticorpos ocorre duas semanas após a vacinação, sendo o objetivo passar anticorpos da mãe para o bebe, esta vacina terá de ser feita em todas as gestações.
Contudo esta vacina ainda não faz parte do Programa Nacional de vacinação, isto é, tem de ser comprada pela grávida com receita médica.

Rosalina Magalhães