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Potências aceleram orçamentos militares

9 Junho 2016
Potências aceleram orçamentos militares
Opinião
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Para além doutros pontos nevrálgicos onde conflitos militares de grande envergadura podem surgir a qualquer momento, como a escalada militar no mar da China ou a situação militar no enclave russo de Kaliningrado, entre a Polónia e a Lituânia, o Médio Oriente continua a ser o ponto do mapa-múndi mais perigoso no imediato. É aí que um barril de pólvora está em enchimento contínuo, com o bode expiatório Daesh e onde quatro potências se armam até aos dentes: Riade, Ancara, Tel-Aviv e Teerão.
O orçamento de defesa saudita explode à custa da guerra do Iémen. Erdogan carrega uma Turquia cada vez mais autocrática à custa do “terrorismo” curdo do PKK e já liquidou cerca de um milhão de pessoas, chantageia a Europa e todas as outras potencias regionais, excepto Israel, com quem quer estabelecer um acordo para as enormes jazidas de petróleo no mediterrâneo oriental entre Chipre e o Egipto. Os israelitas, desconfiados do apoio americano, viram-se para a fabricação própria de tecnologia militar de ponta. O Irão compra massivamente material aos russos enquanto passa a atribuir, desde este ano, 5% do seu PIB à defesa, tratando de copiar o armamento comprado com o apoio da China.
Em 2030, os negociadores de armas terão graves problemas se cada um destes Estados estiver capaz de produzir o seu próprio armamento e de lançar os seus esquadrões de drones high-tech nos céus dos outros e as organizações internacionais como a ONU terão, à frente, um enorme problema para lidar com a proliferação das armas de morte. E não falo só do Irão, que continua a desenvolver o seu programa balístico (“Tribune de Genève, 9/5/2016), mas da Arábia Saudita, que também tem armas nucleares (BBC, 6/11/2013), confortada ainda mais pelas palavras de Donald Trump sobre o assunto (“Breitbart”, 29/05/2016) e, finalmente, a Turquia que, mesmo que não produza as suas próprias armas, é fiel depositária de um potente dispositivo nuclear americano (NATO oblige).
Ora, é aqui que entra a questão do próximo secretário-geral da ONU, sendo que os dois últimos foram escolhidos pelo mínimo denominador comum aos 5 membros do Conselho de Segurança, mas desta vez o mundo precisa (para pôr a funcionar eficazmente a ONU e os seus 85 mil funcionários) de um grande político. Rezo por António Guterres.

Couto Soares Pacheco