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Um rio tolhido de violências e opressões!

25 Fevereiro 2016
Um rio tolhido de violências e opressões!
Opinião
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Todos sabemos que o nosso Rio Ave, mesmo com a modesta extensão de bacia, de mil e quinhentos quilómetros quadrados, mais os seus dois braços, Este e Vizela, com os quais abraça floridos e verdejantes prados e serpenteia por barrancos agrestes da montanha, vem descansar em murmúrio eterno, impávido e sereno, à sombra desta Vila do Conde espraiada entre pinhais, rio e mar.
Infelizmente, para o Ave, a carreira das suas melancólicas águas, são cortadas pelos muitos açudes que nele se foram construindo, ao longo de séculos, transformando-o num doente enfermo, com os problemas daí resultantes, como o assoreamento, a inavegabilidade e a obstrução.
Dar às águas aquilo que às águas pertencia, é transformar e dotar o estuário do Ave num rio, num porto e numa barra, capazes de criar inveja a um dos mais concorridos rios portugueses.
Não é, portanto, por falta de água, nem por deficiência de declive no leito do rio, não é absolutamente por excessivos materiais de aluvião, nem por falta de altura no mar, que tudo vemos aí assoreado.
Antigamente, os navios iam atracar ao monte de Canêdo, tal era a profundidade do rio e, se o salmão e o sável eram espécies aqui abundantes, a razão era do rio ser fundo, pois estes peixes não andavam em rios de pouca profundidade.
Pudéssemos restituir ao rio Ave os seus antigos estuários que, a pouco e pouco, lhe foram usurpando e veríamos então com que rapidez os cabedelos desapareciam e a nossa barra, em pouco tempo, seria navegável com qualquer maré!
Assim, haja vontade política para transformar novamente o nosso Ave num rio que foi orgulho e prosperidade dos Vilacondenses de então.

Artur Bonfim