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“Jornal de Vila do Conde”, chora

4 Fevereiro 2016
“Jornal de Vila do Conde”, chora
Opinião
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A notícia informativa, apenas “diz”. O conteúdo de opinião deixa sempre paternidade. Nunca é anónima. Diz-se e é verdade, ter opinião não é crime, contudo, “cautela e caldos de galinha” também se aplica ao jornalismo. O “Jornal de Vila do Conde” é uma publicação vestida periodicamente em dia de feira, por onde circula informação que a cidade e a região agradecem. A Presidente de Câmara aborda com paixão o rural e o citadino; o Dr. Carmo Reis, culturalmente é pedagógico; o Jurista Victor Carvalho “informa para formar”; o Dr. Victor Reis vale a pena ler para cuidar da saúde. São crónicas de opinião cuidadosamente apresentadas, criativas, de tamanho assertivo. O “Jornal de Vila do Conde“ ri. O jornalismo se é arte, também é ciência. Dificilmente é isento porque é mediático. Informa, provoca e de raras vezes, irrita. No “Jornal de Vila do Conde”, como noutros periódicos que na cidade se publicam, assim é.
Um dos aspetos marcantes da cultura portuguesa ao longo do seculo XIX, diz o Professor José Hermano Saraiva, foi o jornalismo. Instrumento de cultura coletiva que invadiu todos os espaços públicos da vida nacional: tabernas, barbearias, cafés. “Os destinos da Pátria”, durante o período da Regeneração estavam na ponta da caneta dos jornalistas que, só em Lisboa, alimentavam seis diários, todos exclusivamente políticos. (Idem, Prof. Hermano Saraiva). Em 1865 a imprensa em Portugal conhece novos avanços e verifica-se o fenómeno duma viragem com a competição comercial e a publicidade de anúncios pagos. A imprensa de opinião dá lugar à imprensa de informação. O jornal passa de veículo de ideologia a negócio com mercados a conquistar.
A informação da inverdade nasce de braço dado com a política. Jornalismo ínvio, cronicas tipo, “música pimba”. Registos de opinião que apenas sujam o espaço onde o respetivo articulado se encaixa. “Do alto das nossas certezas”, por vezes, destilamos ódios contra pessoas, só porque vestem camisola diferente. O “Jornal de Vila do Conde” chora. A cidade tem outros periódicos. Todos riem e choram, consoante e a jeito são utilizados.

Artur Bonfim