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20 Séculos depois, ainda mansos são os bois

25 Dezembro 2015
20 Séculos depois, ainda mansos são os bois
Opinião
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“Ó meu Menino Jesus.
Homens e bois Te adoraram.
Vinte séculos depois, ainda mansos são os bois.
Mas os homens pioraram.”

Apetece-me cada vez mais fazer esta reza na quadra natalícia. É popular e tem um sabor de verdade e de actualidade inegáveis, nestes tempos de banalidades que enxovalham o mistério. O Natal é património da humanidade e a sua essência não é o “homem duplicado”, como o sopro do espírito e a pertença terrena das paixões. É Deus derramado a cem por cento na fragilidade humana. Mas o Natal anda estragado e a culpa não é dos anjos que o publicitaram em primeira mão. A fraude está no coração frio do homem frio que, todos os anos, fabrica natais de difícil digestão.
Teólogos, poetas, sociólogos, todos apresentaram já análises com mensagens que abrangem os domínios do religioso e do profano, do social e do filantrópico, do business, e do ecológico. O Natal vende tudo, mesmo o “homem do triunfo encontrado”. O tal Menino que “homens e bois adoraram”.
São várias as novas indústrias que nos embalam e impedem que o Natal avance. “A religião do Ego”, enquanto radicalização do conceito de pessoa, abre o caminho a uma feroz competição fratricida. “A indústria da felicidade” embriaga-nos porque é fuga de nós mesmos. “A glorificação da indiferença” promove a cultura da irresponsabilidade e do oportunismo. Os parasitas, os chulos, serão a fidalguia dos novos tempos. “O dogmatismo do prazer”, francamente, mete medo porque, quando o corpo já não for “prazer”, as “eutanásias” adiantarão a solução.

Pe. Bártolo Pereira