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Literatura e artesanato ‘entrelaçados’ online no Festival Correntes d’Escritas da Póvoa de Varzim

19 Fevereiro 2021
Literatura e artesanato ‘entrelaçados’ online no Festival Correntes d’Escritas da Póvoa de Varzim
Cultura
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Doze escritoras e doze artesãs vão colaborar, na Póvoa de Varzim, para a criação de uma instalação artística, que pretende fundir o universo dos livros com a manufatura da tradicional camisola poveira.
O projeto, apelidado de ‘As Penélopes’, será realizado no âmbito do festival literário Correntes d’Escritas, que decorre em 26 e 27 de fevereiro, e consiste na edição de um livro com uma dúzia de histórias que terão sequência através de bordados criados pelas artesãs nas camisolas poveiras, feitas em lã.
A peça artística final, composta pelas camisolas que interpretam as várias histórias do livro, pretende ser uma homenagem contemporânea ao feminino, à paisagem e à identidade da Póvoa de Varzim, e estará em exposição na biblioteca de praia do Diana Bar, na marginal da cidade.
As 12 histórias originais que compõem o livro foram criadas pelas autoras Ana Luísa Amaral, Manuela Costa Ribeiro, Isabel de Sá, Raquel Patriarca, Rosa Alice Branco, Margarida Vale de Gato, Patrícia Portela, Luísa Monteiro e Gisela Casimiro, Inês Cardoso, Cláudia Lucas Chéu e Márcia, tendo com pano de fundo a figura de Penélope, da “Odisseia”, de Homero.
Já as camisolas poveiras, peças ligadas à tradição marítima da cidade, usadas antigamente pelos pescadores locais, adaptaram os seus icónicos símbolos bordados às imagens e palavras retiradas dos textos originais escritos pelas autoras, tendo cada peça levado cerca de 50 horas a ser produzida.
A tarefa coube às artesãs Maria Araújo, Deolinda Carneiro, Alice Lagoela, Maria Moça, Eugénia Gonçalves, Maria Costa, Laura Gonçalves, Maria Cruz, Maria Sousa, Felicidade Gonçalves e Maria Morais, ‘tricotadeiras’ que pertencem ao Grupo de Amigos do Museu de Etnografia e História da Póvoa de Varzim, um coletivo aberto, dinamizado pelo município desde 2009.
Segundo Luís Diamantino, vereador com o Pelouro da Cultura da autarquia poveira, este projeto pluridisciplinar “pretende abordar por um novo prisma, ainda pouco explorada, a narrativa das camisolas poveiras na literatura”.
“Vamos entrelaçar os fios da lã com os fios da escrita, e, além do livro e da instalação artística, vai também dar lugar a um documentário sobre esta atividade”, acrescentou Luís Diamantino.
O projeto está integrado na edição número 22 do Festival Correntes d’Escritas, dedicado a autores de expressão ibérica, que, desta vez, devido às contingências da pandemia de Covid-19, vai realizar-se num formato mais reduzido (26 e 27 de fevereiro) e com a maioria das atividades através da Internet.