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Coreógrafa Nora Chipaumire que passou pelo Circular de Vila do Conde estreia-se em Lisboa

22 Janeiro 2020
Coreógrafa Nora Chipaumire que passou pelo Circular de Vila do Conde estreia-se em Lisboa
Cultura
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A coreógrafa Nora Chipaumire vai estar no Teatro do Bairro Alto, em Lisboa, nos dias 14 e 15 de fevereiro, para apresentar dois espetáculos inspirados em Patti Smith e Grace Jones, artistas que marcaram a sua juventude no Zimbabué.
De acordo com informação divulgada pelo Teatro do Bairro Alto (TBA), a artista zimbabueana estreia-se em Lisboa, depois de ter passado pelo festival Circular, em Vila do Conde, no ano passado.
Nora Chipaumire vai apresentar duas peças de homenagem a Patti Smith e Grace Jones, interpretadas como um dueto, onde se misturam vozes, música e dança numa “performance total, numa encenação que recusa qualquer forma de artifício”.
“Para Chipaumire, o corpo humano pode ser um veículo para a manifestação da autoinvenção e da autodeterminação de todos aqueles nascidos sem propriedade, nome ou classe”, explica o Teatro do Bairro Alto.
A sua primeira atuação, no dia 14 de fevereiro, intitula-se “#PUNK”, palavra de calão que significa “pessoa sem valor”, e que determinou um estilo musical e de vida baseado no principio do “faça você mesmo”, nos anos 1970 e 1980.
Para esta performance de dança e música, Nora Chipaumire inspira-se na frase “Eu não fiz muita merda com o passado / Mas faço muita merda com o futuro”, retirada da canção “Rock ‘n’ Roll Nigger”, de Patti Smith, para se afirmar uma ‘preta africana’ – do tipo que faz merda com o passado, e faz ainda mais com o presente/futuro”.
“Em ‘#PUNK’, impelida por um forte espírito de revolta, Chipaumire dá forma a um retrato vívido de um corpo feminino vibrante de poder que explora com violência delicada o potencial subversivo da contracultura”.
No dia seguinte, está prevista a apresentação de “100% POP”, outro espetáculo que mistura dança e performance e que se inspira naquele movimento, que pode ser lido como “arte” do comum.
Assim, em “100% POP”, Nora Chipaumire regressa ao modo como a informação e o conhecimento são ou foram adquiridos por quem cresceu em tempos menos livres.
Trata-se de uma homenagem a Grace Jones, cantora, atriz e modelo, que, como “superestrela negra”, teve grande influência na cultura pop e introduziu uma nova imagem do corpo negro.
Este espetáculo é um “monólogo repleto de energia contagiante”, em que Nora Chipaumire fala sobre como descobriu a cantora, a sua juventude no Zimbabué e o seu desejo de independência.
“A One Man Show” de Grace Jones serve de inspiração para a ideia de uma ‘cover’ em “100% POP”, através da mistura de elementos sonoros da música de Grace Jones com a música chimurenga do Zimbabué, dub e noise, explica o Teatro do Bairro Alto.
Neste mesmo dia, mas da parte da manhã, Nora Chipaumire vai ministrar uma oficina sobre uma técnica que tem vindo a desenvolver, que se baseia na cultura e prática espiritual Shona do Zimbabué.
Designada como Nhaka, palavra que significa “património, herança”, trata-se de um manifesto físico concebido através da combinação de danças do seu país natal e de outras estéticas culturais africanas, para criar uma linguagem distinta, uma forma contemporânea de dança africana sem referência ao ballet ou à dança moderna ocidental.
Para Nora Chipaumire, “as tecnologias, estratégias e filosofia animistas só podem ser úteis para aqueles que estão dispostos a revigorar a sua prática artística com honestidade e rigor”, pelo que os participantes no ‘workshop’ são convidados a identificar o que pode estar em falta na sua própria prática, para que possam assumir a direção da investigação durante o trabalho exploratório.
A oficina, destinada a profissionais, estudantes e pessoas com experiência em dança, tem entrada livre, mediante uma inscrição com envio de nota biográfica até dia 10 fevereiro.
Quanto aos espetáculos, têm um custo de 12 euros, ou cinco euros para menores de 25 anos, e são apresentados em inglês, sem legendagem.
Nora Chipaumire nasceu no Zimbabué e mudou-se para Nova Iorque depois de estudar dança no seu país de origem, em Cuba e na Jamaica.