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PJ explica esquema de grupo suspeito de branquear 40 milhões de euros em Vila do Conde

25 Outubro 2018
PJ explica esquema de grupo suspeito de branquear 40 milhões de euros em Vila do Conde
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Henrique Correia, coordenador da Secção Regional de Investigação do Branqueamento e das Infrações Tributárias da Polícia Judiciária do Norte, disse que a investigação da operação “Albare” foi desencadeada quando se detetaram contas bancárias tituladas por indivíduos de nacionalidade estrangeira com movimentos considerados anómalos.
“As contas eram abertas, eram depositadas nelas quantias em numerário que eram transferidas quase de imediato para o estrangeiro. E isso chamou-nos a atenção”, salientou Henrique Correia.
“Em muitas destas contas, o titular não era conhecido das autoridades, a abertura das contas não era feita por esse titular. O titular pura e simplesmente não deixava rasto”, acrescentou o coordenador da Secção Regional de Investigação do Branqueamento e das Infrações Tributárias da Polícia Judiciária do Norte.
A operação “Albare” levou as autoridades a um armazém que funcionava como plataforma logística para as operações suspeitas e que era também sede de uma empresa que não apresentava qualquer declaração fiscal desde 2014.
Nesta operação, com o nome de código “Albare”, quem em latim significa branquear, foram detidas oito pessoas indiciadas pela presumível prática de crimes de associação criminosa, branqueamento de capital, fraude fiscal qualificada e venda, circulação ou ocultação de produtos ou artigos contrafeitos.
A Diretoria do Norte da Polícia Judiciária diz que foram apreendidas 18 viaturas automóveis, a grande maioria de gama alta, cerca de 350 mil euros em dinheiro, equipamentos informáticos e telemóveis, “uma quantidade assinalável de mercadorias contrafeitas ou sem os devidos documentos de suporte fiscal no valor presumível de três milhões de euros”.
A Polícia Judiciária diz que também se apreenderam dezenas de documentos de identificação, passaportes e cartas de condução internacionais presumivelmente falsos, além de variada documentação de natureza contabilística e fiscal.
Os detidos são todos estrangeiros, com residência legal em Portugal, mas Henrique Correia não adiantou a nacionalidade, salientando que os mesmos têm idades compreendidas entre os 34 e os 57 anos e são empresários. A dois detidos são imputados também crimes de falsificação de documentos, auxílio à imigração ilegal e tráfico de estupefacientes.
De acordo com o apurado na investigação desenvolvida pela Polícia Judiciária, em articulação com a Autoridade Tributária, terão sido objeto de branqueamento de capitais cerca de 40 milhões de euros, no período compreendido entre janeiro de 2016 e março de 2018.
Os detidos vão agora ser apresentados às autoridades judiciárias para interrogatório e aplicação das medidas de coação.