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Nota Artística

16 Março 2017
Nota Artística
Opinião
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“Que excelente equipa de futebol está Luís Castro a construir no Rio Ave. Medida a qualidade de jogo em função da matéria-prima disponível, é hoje, na minha opinião, a melhor do campeonato”. Podia-se pensar que estas palavras teriam sido proferidas por um dos sócios do Rio Ave ou por um familiar de Luís Castro, mas não, foram escritas no início de Fevereiro por Carlos Daniel, um dos mais respeitados jornalistas e comentadores desportivos, que acompanha de perto o futebol nacional. No início do campeonato, comentava eu que tínhamos um meio campo de luxo, dos melhores a nivel nacional: Krovinovic, Rúben Rubeiro, Filipe Augusto, Wakaso, João Novais, Tarantini e Pedro Moreira davam-nos garantias quer em termos defensivos, quer na posse de bola quer na criatividade junto do ataque, estaríamos bem servidos. O primeiro jogo oficial da época em Praga onde o Rio Ave dominou o adversário com grande qualidade de jogo deixou toda a gente com água na boca. Passámos depois por diferentes ciclos, uns positivos, outros negativos, mas é claramente superior o número de jogos de qualidade futebolística do Rio Ave, do que os jogos em que jogámos mal, que também os houve. Com jogadores no meio campo que gostam de ter a bola e que tornam dificil a tarefa de a roubar, como é o caso de Rúben Rubeiro, Filipe Augusto e Krovinovic, o Rio Ave passou naturalmente esta época a ser uma equipa que prefere transportar a bola no pé de trás para a frente, em vez de um futebol direto e com transições rápidas. Fruto disso, nos 25 jogos já disputados no campeonato, em 18 deles tivemos mais posse de bola do que o nosso adversário. Se verificarmos que nessa lista estão incluidos os jogos no estádio do Dragão e no estádio de Alvalade, fica demonstrado que somos uma equipa que gosta de ter a bola e controlar o ritmo do jogo. No mercado de Janeiro sairam Filipe Augusto e Wakaso, mas a aposta mais recorrente em Krovinovic (já tem direito a música de João Ricardo Pateiro e tudo!) e a vinda de Petrovic para o lugar mais defensivo, fez com que não perdessemos e até tenhamos eventualmente melhorado a qualidade do nosso futebol, sem termos ainda visto o que poderá ainda trazer Traoré. Tal como com Capucho, também Luís Castro teve a sua fase de jogos em que jogámos bem mas as bolas não entravam. É na frente de ataque que estamos claramente com menos soluções do que equipas como Braga e V. Guimarães por exemplo, o que tem feito a diferença até agora. Estamos a entrar na reta final do campeonato e a 9 jornadas do fim, as bolas voltaram a entrar e ainda estamos com possibilidades de atingir um lugar europeu. Não sei em que lugar vamos terminar, se vamos conseguir o apuramento europeu em 4.º, 5.º ou 6.º, ou se vamos ficar pelos serviços mínimos de ficar nos 8 primeiros. Sei que o estatuto de termos uma das equipas que melhor joga futebol esta época já ninguém nos tira. Se a nota artística se traduzirá em notas de euros na Liga Europa é o que falta saber, mas esta época está a ser a melhor publicidade que se podia ter para quem estava com dúvidas em garantir um lugar anual no nosso estádio na próxima época. Tal como numa cróninca anterior tinha dito que valia a pena ir ver jogos de futebol do Rio Ave no tempo de Dibo só para o ver jogar, ou os jogos de futsal com Cardinal, também vos garanto que vale a pena ir hoje em dia ao estádio para ver Krovinovic, Rúben Ribeiro ou Gil Dias, pois não tarda nada alguns seguirão o caminho de Ederson, Filipe Augusto, Edimar, Zeeglar, Tiago Pinto ou Diego Lopes, para falar só de alguns dos que nos últimos anos nos deliciaram com a sua qualidade de caravela ao peito e que partiram para outras paragens fruto da sua grande qualidade.

Renato Sousa