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Arte e Crítica

2 Março 2017
Arte e Crítica
Opinião
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O aniversário, 90.º, da revista “Presença” faz todo o sentido ser celebrado em Vila do Conde, terra do seu fundador, José Régio, em 1927, juntamente com João Gaspar Simões e Branquinho da Fonseca. A mensagem da “Presença” é actualíssima, hoje, tempo de tantos juízos e comentários. Tempos de crítica que são sempre uma arma e uma arte. Aliás, quando em Março de 1927, em Coimbra, esse grupo lançou a revista, cognominou-a de “Folha de arte e crítica”.
A corrente literária, chamada Modernismo, nasce na segunda metade do século XX e é veiculada por dois grupos. O Orpheu, 1.º modernismo e Presença, 2º modernismo. O efeito destas duas revistas, foi uma pequena revolução no pensamento cultural português. Muita tinta correu contra “poetas alienados e mistificadores a invadirem as letras nacionais”. (“História da Literatura Portuguesa” de António José Barreiros).
Vivemos um tempo de puro acerto de contas contra quem pensa de modo contrário ao nosso. Os meios de comunicação social, televisivos e jornais, presentemente, fazem a verdade e a mentira. Contaminam a opinião de quem “não tem opinião”. Orientam, mesmos os mais avisados, na arte de informar. Sujam os jornais e revistas com análises que em nada contribuem para a verdade informativa. José Régio sempre acreditou na crítica como uma arte livre e criadora. E do pensamento de Régio ao que Valter Hugo Mãe insinua em “Contos de cães e maus lobos”, a sintonia é total. “Ler é como caminhar dentro de nós. Por isso, quando lemos estamos a percorrer o nosso próprio interior”.
Numa época de crítica sem arte, só ganhamos com uma visita à exposição patente na Biblioteca Municipal sobre o 90º aniversário da Revista “Presença”.

Pe. Bártolo Pereira